Início » História » A verdadeira história de Chris Kyle, o “Sniper Americano”

A verdadeira história de Chris Kyle, o “Sniper Americano”

Lucas R.

Publicado em

Chris Kyle e a verdadeira história por trás do 'Sniper Americano'
Com mais de 150 mortes em 4 viagens ao Iraque, o Chris Kyle, o sniper americano, é considerado o atirador mais mortífero dos EUA.

A vasta extensão da história militar americana é marcada por histórias de coragem, sacrifício e habilidade incomparável. Chris Kyle, conhecido popularmente como “O Sniper Americano”, destaca-se poderosamente nesse contexto. Nascido no coração do Texas e forjado no fogo da guerra, a vida de Kyle apresenta uma sinfonia de contrastes, marcada por dedicação, controvérsia e impacto inegável.

Início na Vida Texana e Primeiras Paixões de Chris Kyle

Chris Kyle cresceu nas ardentes planícies de Odessa, Texas. Desde cedo, aprendeu os valores do trabalho duro, fé e patriotismo. Nascido em 8 de abril de 1974, filho de Deby Lynn e Wayne Kenneth Kyle, Chris e seu irmão Jeff foram criados em uma cultura onde Deus e a natureza eram protagonistas. Seu pai, professor de escola dominical e diácono, lhes incutiu uma fé robusta. Paralelamente, a imensa natureza texana se tornou o cenário de suas aventuras, com expedições de caça que serviram como lições de paciência, precisão e sobrevivência. Aos oito anos, Kyle já dominava a caça de veados, codornas e faisões – habilidades que mais tarde influenciariam sua carreira militar.

Contudo, os primeiros interesses profissionais de Chris não apontavam para o campo de batalha. Ele se sentia atraído pelo mundo aventureiro de montar em broncos e sonhava em domar cavalos selvagens. No entanto, um grave acidente neste caminho levou-o a refletir e, posteriormente, a mergulhar no mundo acadêmico da Universidade Estadual de Tarleton. Lá, ele se aventurou nos estudos de Gestão de Fazendas e Pastagens, mas o destino tinha outros planos.

De Rodeio a Combatente: O Chamado Militar

Em 1994, um encontro aparentemente casual com um recrutador da Marinha na universidade alterou o curso de sua vida. As histórias de bravura e sacrifício o chamaram. Vendo um propósito mais profundo, Chris alistou-se na Marinha dos EUA em 1998. O que se seguiu foi um rigoroso treinamento que testava os limites do espírito humano. Mas Kyle estava longe de ser comum.

Superar o treinamento BUDS na Califórnia foi apenas o começo. Em 2000, sua tenacidade e espírito inquebrável levaram-no a se tornar um membro da elite SEAL Team-3 da Marinha dos EUA. Esta distinção não era apenas um símbolo de honra, mas também um passaporte para zonas de combate intensas.

Chris Kyle e a verdadeira história por trás do 'Sniper Americano'

Chris Kyle: A Lenda no Campo de Batalha

Durante suas quatro missões no Iraque, Chris Kyle solidificou seu nome entre as lendas militares. Atuando muitas vezes nas sombras e em territórios hostis, o papel de Kyle como sniper foi crucial e arriscado. Seu talento em eliminar ameaças era sem igual. Estima-se que ele tenha acumulado 150 baixas confirmadas, o que lhe rendeu o apelido de “A Lenda”.

VEJA TAMBÉM:
Milagre dos Andes: Sobreviventes tiveram que comer carne humana e ficar 72 dias na neve

No entanto, este reconhecimento teve seu custo. O peso psicológico de ser um sniper e tomar decisões de vida ou morte começou a afetá-lo. Como ele mesmo disse, seu maior arrependimento não eram as vidas que ele tirou, mas as que não conseguiu salvar. Esta profunda reflexão norteou seus esforços futuros.

Impacto Pós-Guerra

Depois de dez anos de serviço dedicado, em 2009, Chris decidiu se aposentar. Porém, o jovem texano que entrou para a guerra não era o mesmo que saiu dela. Ele carregava cicatrizes visíveis e invisíveis, enfrentando o transtorno de estresse pós-traumático (PTSD).

Em 2012, ele começou a canalizar suas experiências e lembranças para a escrita. O resultado foi “O Sniper Americano”, uma autobiografia que proporcionou aos leitores uma visão profunda da mente do sniper mais letal da história dos EUA. Seu lançamento trouxe fama, mas também críticas, abrindo um novo capítulo na vida de Chris Kyle, onde ele teve que lidar com os desafios da fama.

A biografia do “Sniper Americano”

Kyle assinando uma cópia do Sniper Americano para um colega soldado.
Kyle assinando uma cópia do Sniper Americano para um colega soldado.

Quando a autobiografia “Sniper Americano” chegou às prateleiras em 2012, ficou evidente que a vida de Chris Kyle jamais seria a mesma. O livro, que detalha suas experiências no Iraque e sua luta contra o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), disparou para o topo das listas de mais vendidos. Ele apresentou um retrato sincero do ser humano por trás da lenda. Com sua narrativa envolvente e introspecção profunda, cativou milhões, consolidando o lugar de Kyle não apenas como um herói militar, mas também como um narrador tocante.

Após a publicação do livro, debates se espalharam por todo o país. Enquanto muitos aclamavam Kyle como um herói, outros questionavam a precisão de certos eventos descritos na autobiografia. Chris, sempre disposto a enfrentar desafios, defendeu sua versão dos fatos, mesmo com debates intensos sobre a ética e as implicações de suas ações em tempos de guerra.

Contudo, no meio desses debates, surgiu inegavelmente a paixão de Kyle em apoiar seus colegas veteranos. Ciente dos efeitos devastadores do TEPT, mal com o qual ele mesmo lutava, Kyle tornou-se uma missão pessoal ajudar seus camaradas. Ele co-fundou a FITCO Cares Foundation, uma organização sem fins lucrativos que fornecia equipamentos de fitness para veteranos, ajudando-os a encontrar um propósito em suas vidas civis.

VEJA TAMBÉM:
Cinto de castidade: a verdade sobre o polêmico acessório medieval

Mas o compromisso de Chris não se limitava a organizações formais. Ele mentoreava pessoalmente veteranos em dificuldades, acreditando que conversas abertas e atividades ao ar livre poderiam ser terapêuticas. Ele tinha um carinho especial por aqueles que tinham dificuldade em se readaptar à vida civil, compreendendo que os traumas do campo de batalha frequentemente os acompanhavam ao retornar para casa.

Tragédia e Legado Duradouro

Infelizmente, foi essa nobre causa que levou a um revés trágico na vida de Chris Kyle. Em 2 de fevereiro de 2013, na tentativa de ajudar um colega veterano, Kyle e seu amigo Chad Littlefield levaram Eddie Ray Routh, um fuzileiro naval com histórico de doença mental, a um campo de tiro no Texas. Em um giro devastador dos eventos, Routh atirou e matou ambos. A nação ficou em choque, lamentando a perda de um herói de maneira tão inesperada. Mais tarde, Routh foi julgado e considerado culpado pelos assassinatos, sendo condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

A morte de Chris Kyle repercutiu em toda a América. No seu estado natal, Texas, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro e milhares compareceram ao seu serviço memorial no estádio do Dallas Cowboys, provando o impacto duradouro que ele deixou nos corações de muitos.

Mas o legado do “American Sniper” não parou por aí. Em 2014, o diretor Clint Eastwood e o ator Bradley Cooper levaram a vida e a autobiografia de Kyle às telas de cinema no filme “Sniper Americano”. O filme, elogiado por sua representação realista dos desafios enfrentados pelo pessoal militar e suas famílias, recebeu inúmeros elogios e foi um enorme sucesso de bilheteria.

Para muitos, Chris Kyle representava mais do que seu histórico de serviço ou o número de mortes confirmadas. Ele era um símbolo dos sacrifícios feitos pelo pessoal militar, do custo psicológico da guerra e do espírito humano inabalável. Sua vida posterior demonstrou seu compromisso em ajudar aqueles que serviram ao seu país, muitas vezes a um grande custo pessoal.

Hoje, seu legado continua a inspirar e a história de Chris Kyle serve como um poderoso lembrete. Ela fala das batalhas invisíveis que os veteranos travam todos os dias, da importância de redes de apoio para os soldados que retornam e do impacto duradouro que cada indivíduo, independentemente de seu papel, pode ter no mundo ao seu redor.

Photo of author
Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.