Quem nunca sonhou em abandonar a rotina e as contas de casa para viver viajando? Para Angelyn e Richard Burk, dos Estados Unidos, isso se tornou realidade de uma forma bastante incomum, e mais econômica do que se imagina. A decisão veio após um evento traumático, mas acabou transformando sua aposentadoria em uma aventura contínua pelo mundo.
Em 2013, os planos do casal sofreram um revés inesperado e devastador. Enquanto se preparavam para uma mudança terrestre, um acidente com o caminhão de transporte resultou na perda total de todos os seus pertences.
Tudo virou cinzas. Esse momento difícil, paradoxalmente, trouxe um novo horizonte. Sem as amarras de uma casa cheia de móveis e objetos, Angelyn e Richard abraçaram o minimalismo de forma radical.
Foi aí que surgiu a ideia, inicialmente quase como uma brincadeira, mas que rapidamente ganhou força: por que não viver em cruzeiros? Richard brincou na época que as opções eram “um cruzeiro ou Las Vegas”. A escolha pelo mar se mostrou mais do que uma diversão passageira; tornou-se um estilo de vida sustentável e financeiramente vantajoso.
Antes desse capítulo nômade, o custo anual do casal para viver em terra firme girava em torno de US$ 75.000 (aproximadamente R$ 375.000, considerando uma taxa de conversão ilustrativa). Um valor significativo que incluía moradia, impostos, manutenção, utilidades e todas as despesas fixas de um lar tradicional.
O casal afirma que está economizando milhares de dólares por ano ao viver em um navio de cruzeiro (Facebook)
Hoje, vivendo quase exclusivamente a bordo de navios de cruzeiro, seus gastos anuais caíram drasticamente para cerca de US$ 35.000 (cerca de R$ 175.000). Isso representa uma economia impressionante de US$ 40.000 por ano (quase R$ 200.000).
Como isso é possível? A chave está na estrutura de um cruzeiro. O valor da passagem tipicamente inclui acomodação, todas as refeições (desde café da manhã até jantar em diversos restaurantes), entretenimento variado (shows, cinemas, piscinas, academias) e transporte entre destinos paradisíacos. É como ter um hotel flutuante e um agente de viagens em um só pacote. Angelyn destaca a praticidade: “É tão fácil. Você só reserva um cruzeiro e ele te leva a lugares diferentes”.
Claro, nem tudo são ondas calmas. A vida em alto mar tem seus pequenos custos extras. Fazer uma lavanderia no navio, por exemplo, pode custar até US$ 25 por vez.
Compras pessoais, bebidas específicas fora dos pacotes inclusos, passeios em terra e gorjetas são despesas adicionais que precisam ser gerenciadas. No entanto, mesmo somando esses itens, o custo total permanece muito abaixo do padrão de vida anterior.
Outro benefício inesperado foi escapar da escalada do custo de vida que atingiu muitos países nos últimos anos. Enquanto amigos em terra enfrentavam aumentos significativos em aluguel, energia e supermercado, os gastos principais de Angelyn e Richard permaneceram mais previsíveis, baseados nas tarifas dos cruzeiros, onde muitos serviços são fixos no pacote.
A fidelidade às companhias de cruzeiro também rende frutos. Viagens frequentes acumulam pontos e descontos especiais, tornando passagens futuras ainda mais acessíveis.
Após mais de uma década vivendo essa rotina itinerante, Richard resume bem a filosofia do casal: eles provaram, na prática, que não precisam mais de uma “base fixa” em terra. O mundo, conectado pelos oceanos e pelos decks dos navios, se transformou em seu lar. E um lar que, curiosamente, custa bem menos para manter.