Em dezembro de 2010, três aventureiros embarcaram em uma expedição para explorar um trecho inédito do rio Lukuga, na República Democrática do Congo. Liderados pelo sul-africano Hendri Coetzee, veterano em expedições extremas, o grupo incluía os americanos Chris Korbulic e Ben Stookesberry. O objetivo era navegar as águas turbulentas do rio, nunca antes percorridas de caiaque. Mas o que começou como uma jornada histórica se transformou em um dos encontros mais chocantes entre humanos e natureza já registrados.
A equipe já havia completado com sucesso a primeira etapa pelo rio Rusizi quando seguiu para o Lukuga. A região é conhecida por abrigar animais perigosos, como hipopótamos e crocodilos. Os três estavam cientes dos riscos e mantinham proximidade nas águas, mas um trecho de corredeiras forçou-os a se separar. Em um momento crítico, cerca de 30 metros de distância se abriram entre eles, deixando cada um a aproximadamente 1,5 metro de seu companheiro mais próximo. Coetzee estava no meio, Stookesberry à frente e Korbulic logo atrás.
Os amigos capturaram o momento horrível em que ele foi arrastado por um crocodilo enorme em câmera (National Geographic).
Foi então que o silêncio da paisagem selvagem foi quebrado. Um crocodilo de aproximadamente 4,5 metros de comprimento e 2 toneladas emergiu das profundezas. O animal atacou o lado esquerdo do caiaque de Coetzee, agarrando seu ombro com as mandíbulas. “Olhei para o lado e, pelo canto do olho, vi o crocodilo sair da água. Ele pegou o lado esquerdo de Coetzee, exatamente o ombro, com a boca”, relatou Korbulic à Associated Press. Em segundos, o aventureiro foi puxado para baixo da superfície, sem chance de reação.
Os dois companheiros, ainda em seus caiaques, testemunharam a cena em choque. “O crocodilo simplesmente o arrastou para debaixo d’água. Acho que ambos ficamos em completo estado de choque e horrorizados com o que aconteceu”, descreveu Korbulic. O ataque foi tão rápido que não houve tempo para qualquer tentativa de resgate. Com o caiaque de Coetzee virado e sem sinal do corpo, Stookesberry e Korbulic enfrentaram um dilema: permanecer no local significava risco de outro ataque. Decidiram remar até uma vila próxima em busca de ajuda.
Ao chegarem, os moradores locais confirmaram o que já suspeitavam: crocodilos de porte gigantesco eram comuns na região. Enquanto isso, o caiaque abandonado foi recuperado, mas não apresentava nenhum arranhão ou marca visível — um detalhe que aumentou o mistério em torno da força do animal. O corpo de Coetzee nunca foi encontrado, mesmo após buscas na área.
O incidente ganhou repercussão internacional e foi documentado no especial Man-Eater of The Congo, do National Geographic. As imagens da expedição, capturadas pelos próprios aventureiros, mostram momentos antes do ataque, mas não registram o contato direto com o crocodilo ou os instantes finais de Coetzee. Em uma ligação desesperada por rádio, Stookesberry resumiu a tragédia: “Aqui é Ben, vocês podem me ouvir? Tivemos um acidente terrível aqui. Hendri acabou de ser levado por um crocodilo”.
A história serve como um registro brutal dos perigos enfrentados por exploradores em regiões remotas. Coetzee, descrito por colegas como um dos mais experientes guias de águas selvagens da África, havia liderado dezenas de expedições antes da fatídica viagem. Seu legado, marcado por coragem e paixão pela natureza, permanece como parte da memória da comunidade de aventuras extremas.
