Uma bolha de calor, também conhecida como domo ou onda de calor, está atualmente afetando diversas regiões do Brasil, causando um aumento significativo nas temperaturas. Este fenômeno meteorológico complexo está se intensificando em várias áreas do país, com previsões de temperaturas superiores a 40°C, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, conforme informações do site de meteorologia Metsul.
O meteorologista Fábio Gonçalvez, do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP (IAG/USP), explica que uma cúpula ou domo de calor se forma quando uma área de alta pressão permanece estacionária sobre uma região por um período prolongado, que pode variar de dias a semanas. Este sistema de alta pressão age como uma barreira atmosférica, impedindo a ascensão do ar mais frio e aprisionando o ar quente próximo à superfície, funcionando de maneira similar a uma tampa de panela.
No caso atual, o centro desta bolha de calor está localizado entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil. As massas de ar quente se expandem verticalmente, criando uma cúpula de alta pressão que desvia sistemas meteorológicos, como frentes frias, ao seu redor. Quando este sistema de alta pressão se estabelece, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens, intensificando ainda mais o calor.
O fenômeno é agravado pelo alto ângulo do sol característico do verão, que, combinado com céu claro ou com poucas nuvens, aquece ainda mais o solo. Esta combinação de fatores resulta em um ciclo de aquecimento que se auto-alimenta, tornando as condições cada vez mais extremas.
As mudanças climáticas e as queimadas também desempenham um papel significativo nesta onda de calor. O clima excepcionalmente seco e quente tem provocado um aumento no número de incêndios, tanto em áreas urbanas quanto rurais. Nos próximos dias, o risco de queimadas será elevado a extremo em várias regiões, incluindo grande parte do Sudeste, Centro-Oeste e uma porção do Norte do país.
As previsões para os próximos dias são preocupantes. Na região Norte, o calor extremo persistirá, principalmente no sul da Amazônia, com máximas muito elevadas. No Centro-Oeste, o calor intenso continuará dominando, com temperaturas previstas entre 40ºC e 42ºC em Mato Grosso e de 37ºC a 40ºC em Mato Grosso do Sul. Uma frente fria prevista para o fim de semana poderá trazer algum alívio em algumas áreas.
Na região Sudeste, o calor intenso deve persistir até sexta-feira, com máximas entre 35ºC e 38ºC no oeste, noroeste e norte paulista. Felizmente, uma frente fria esperada para o fim de semana poderá trazer uma trégua temporária nas altas temperaturas.
Estas ondas de calor não são apenas desconfortáveis, mas também podem representar sérios riscos à saúde, especialmente para grupos vulneráveis como idosos, crianças e pessoas com condições médicas pré-existentes. Recomenda-se que a população tome precauções extras durante este período, como manter-se hidratada, evitar exposição prolongada ao sol, usar protetor solar e, se possível, permanecer em ambientes frescos e ventilados.
Além disso, as autoridades devem estar atentas aos riscos aumentados de incêndios florestais e urbanos, implementando medidas preventivas e de resposta rápida. A conscientização sobre o uso responsável de recursos hídricos também se torna crucial, uma vez que períodos prolongados de calor intenso podem levar a situações de escassez de água em algumas regiões.