Blanche Monnier, nascida em 1º de março de 1849, em Poitiers, França, teve sua vida drasticamente alterada por causa de um romance proibido e uma mãe controladora. Sua família era respeitável, de classe média, e vivia em uma mansão de três andares, com a matriarca Louise Monnier comandando tudo. Louise tinha grandes sonhos de um casamento perfeito para sua filha, mas Blanche tinha outras ideias.
Em 1876, Blanche Monnier tinha 27 anos e não se interessava pelos pretendentes que sua mãe apresentava. Em vez disso, ela se apaixonou por um advogado mais velho que, segundo Louise, era tão pobre quanto um mendigo. Naturalmente, a mãe Monnier não ficou nada feliz. Louise proibiu Blanche de vê-lo. Mas Blanche não era de seguir as regras e continuou vendo seu amor às escondidas.
Março de 1875 marcou o início do pesadelo de Blanche Monnier. Após um encontro secreto com seu namorado advogado, Blanche desapareceu. A cidade ficou cheia de fofocas e especulações, e os Monniers alimentaram os rumores, afirmando que Blanche tinha sido enviada para uma instituição mental. O advogado morreu sem saber o que aconteceu com sua amada. Poucos sabiam que Blanche estava presa em sua própria casa, escondida como um segredo sombrio da família.
Avançando para 1901. O Procurador-Geral de Paris recebeu uma carta anônima perturbadora. A carta, traduzida do francês, afirmava que uma solteirona estava sendo mantida em cativeiro na casa dos Monnier, meio faminta e vivendo na miséria por 25 anos. As autoridades, céticas a princípio, decidiram verificar. O que encontraram foi um verdadeiro pesadelo.
Louise Monnier nem sequer tentou negar as acusações quando os oficiais chegaram. Ela os levou até o sótão, onde Blanche foi descoberta em um estado horrível. Nua, deitada em um colchão de palha podre, Blanche estava rodeada de sujeira. O ar era tão fétido que os oficiais não conseguiam permanecer na sala por muito tempo. Um oficial descreveu a cena: “Excrementos, fragmentos de carne, vegetais, peixe e pão podre a cercavam. Cascas de ostras e insetos rastejavam pela sua cama.”
Louise foi imediatamente presa, e Blanche Monnier foi levada às pressas para o hospital, mal se segurando à vida. Louise alegou que Blanche tinha sofrido um colapso mental e que ela tinha feito tudo o que podia para cuidar dela. Convenientemente, Louise nunca enfrentou a justiça, pois morreu 15 dias após sua prisão, aos 75 anos.
Marcel Monnier, o irmão de Blanche, assumiu a culpa no tribunal. Inicialmente condenado por confinamento criminoso e tortura, foi sentenciado a 15 meses de prisão. Ele clamou inocência, e em apelação, foi absolvido por ser considerado mentalmente incapacitado. Aparentemente, não havia “obrigação de resgate” na legislação da época, deixando Marcel livre.
Blanche Monnier, no entanto, teve um vislumbre de esperança. Ela se recuperou parcialmente após ganhar peso durante sua estadia no hospital, mas foi diagnosticada com anorexia nervosa e esquizofrenia. Passou o restante de seus dias em um sanatório, longe da família que a traiu. Blanche Monnier morreu em 13 de outubro de 1913, aos 64 anos. Sua trágica história não caiu no esquecimento; em vez disso, inspirou o livro de André Gide, “La Séquestrée de Poitiers”, de 1930, embora ele tenha mudado os nomes em sua narrativa.