Em 2007, um chocante caso de abuso infantil e fraude de identidade se desenrolou na República Tcheca, traçando paralelos com a trama do filme de terror psicológico de 2009, “A Órfã”. No centro deste drama da vida real estava Barbora Skrlova, uma mulher de 33 anos que conseguiu se passar por uma menina de 13 anos, infiltrando-se em uma família e participando de um perturbador caso de abuso infantil.
A história começou quando a polícia invadiu uma casa em Brno, República Tcheca. Eles descobriram um menino de oito anos acorrentado no porão, duas mulheres adultas e o que parecia ser uma menina de 13 anos chamada Anicka. No entanto, “Anicka” era na verdade Barbora Skrlova, uma mulher adulta na casa dos trinta anos.
A mãe do menino, Klara Mauerova, foi presa por abuso infantil. Durante sua aparição no tribunal em 2008, Mauerova fez uma alegação surpreendente. Ela alegou ter sido manipulada para abusar de seus filhos (de 8 e 10 anos) por sua irmã Katerina e Skrlova. Segundo Mauerova, as duas mulheres faziam parte de um culto chamado Movimento do Graal.
À medida que a investigação progredia, Barbora Skrlova conseguiu escapar da polícia fugindo para a Noruega. Em uma reviravolta que parece quase inacreditável, ela assumiu uma nova identidade como um menino de 13 anos chamado Adam. Skrlova matriculou-se na escola Marienlyst em Oslo, apresentando-se como uma vítima de abuso infantil.
O diretor da escola, Ingjerd Eriksen, mais tarde refletiu sobre o comportamento de “Adam”, dizendo: “Isso não é fácil de saber. Crianças dessa idade são muito diferentes, e podem ser masculinas ou femininas.” O comentário destaca o quão convincente era o disfarce de Skrlova, enganando até mesmo educadores experientes.
A farsa de Barbora Skrlova não durou para sempre. Em 16 de dezembro, “Adam” desapareceu do lar infantil onde estava hospedado. Após uma busca mundial, Skrlova foi encontrada e presa em 5 de janeiro. Testes de DNA confirmaram sua verdadeira identidade, e em 2008, ela foi sentenciada a cinco anos de prisão por seu papel no caso de abuso infantil e sua elaborada fraude.
O caso tem semelhanças marcantes com a trama de “A Órfã”, que foi vagamente baseada nesses eventos. No filme, um casal adota uma menina de nove anos chamada Esther, sem saber que ela é na verdade uma mulher de 33 anos com um raro distúrbio que impede o crescimento. O filme culmina em um confronto mortal quando a verdadeira identidade de Esther é revelada.
Embora o caso de Barbora Skrlova não tenha terminado de maneira tão violenta quanto no filme, não foi menos perturbador. A polícia norueguesa expressou sua perplexidade na época, afirmando: “Descobriu-se que a chamada adolescente desaparecida era uma mulher de 33 anos. Nem mesmo conseguimos descobrir o que está para cima ou para baixo neste caso.”
A capacidade de Skrlova de se passar convincentemente tanto por uma menina adolescente quanto por um menino é particularmente impressionante. A polícia a descreveu como tendo 1,57 metros, com os seios amarrados e a cabeça raspada para manter a ilusão de ser um menino jovem.
Em 2011, três anos após sua sentença de cinco anos, Barbora Skrlova foi libertada da prisão. Seus advogados argumentaram com sucesso que seu bem-estar psicológico havia se deteriorado durante seu encarceramento. Desde sua libertação, o paradeiro de Skrlova permanece desconhecido, acrescentando mais uma camada de mistério a este caso já bizarro.