Ao longo da história, várias espécies de animais surgiram e deixaram este planeta, seja por conta de extinções em massa ou até mesmo mais recentemente pela atuação do ser humano.
Porém, alguns animais parecem ser especialistas em resistir à passagem do tempo, e este é exatamente o caso da Cegonha-bico-de-sapato. Este animal, que muitos acreditam até mesmo que possa ter saído de um conto de ficção científica, é um dos parentes vivos dos dinossauros, que no passado dominaram o Planeta Terra.
Com uma aparência pra lá de incomum e chamativa, os ‘Balaeniceps rex’, também conhecidos pelo termo em inglês ‘Shoebill’, já sobreviveram a vários episódios extremBIos, e mesmo assim estão por aí até hoje.
Atualmente em risco de extinção, a cegonha-bico-de-sapato, como é conhecida em português, vive no leste da África, normalmente entre o Sudão do Sul e a Zâmbia. Mas infelizmente já não são tão numerosas quanto no passado. Estes animais são exímios caçadores, ainda que a aparência não indique isso.
Eles podem permanecer durante muitas horas imóveis, esperando o momento ideal para atacar. E quando fazem isso, usam uma espécie de gancho na ponta do bico para prender suas presas. Normalmente, suas vítimas são peixes, rãs e outros pequenos animais.
Crédito: Pixabay
Apesar de impressionantes pela habilidade de sobreviver à passagem do tempo e aos riscos de extinção, as aves desta espécie são bastante sedentárias, o que cá entre nós é bem surpreendente. Pesando até 7kg, distribuídos em um corpo que atinge até 1,40m de altura, os Shoebills não costumam se movimentar muito. Na maior parte do tempo, ficam descansando, e guardam as energias para caçar, ou então para encontrar outro habitat propício.
Como já citamos anteriormente, o nome científico destas aves é ‘Balaeniceps rex’, o que talvez possa fazer com que você trace uma associação com o famoso Tiranossauro Rex. Mas as coisas não são bem por aí. O biólogo e YouTuber ‘Pirula’ dedicou um tweet ao assunto, explicando a coincidência:
Esse bicho é o Balaeniceps rex. Sim, tem "rex" no nome, o q nada tem a ver com tiranossauro. Epítetos específicos (a 2ª palavra em nomes científicos) repetem muito. Por ex.: tanto o arroz comum quanto a maconha são "sativa". Rex é rei em latim, Balaeniceps é "cabeça de baleia".
— Pirula (@Pirulla25) June 2, 2021
Porém, ainda que o nome ‘rex’ não relacione estas aves aos temidos tiranossauros, não é errado dizer que elas são parentes dos dinossauros. A cegonha-bico-de-sapato evoluiu a partir de espécies que conseguiram sobreviver à grande extinção, principalmente pelo fato de conseguirem se adaptar o suficiente ao novo ambiente que se formou a partir daquele momento.
“Ou seja, os bicos-de-sapato são de fato dinossauros. Mas não são mais dinossauros do que um bem-te-vi, uma pomba ou um beija-flor. Todos são igualmente dinossauros, a diferença é só essa cara que faz com que eles pareçam ferozes. Mas é só pose”, explicou o biólogo Pirula em outro tweet.
Crédito: Pixabay
Infelizmente, como já mencionamos antes, esta ave está ameaçada de extinção. A BirdLife International, assim como a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) consideram esta espécie como “vulnerável”. Entre os principais fatores de perigo está a ação humana. Isso porque as regiões pantanosas, preferidas por estes animais, estão cada vez mais sendo transformadas em áreas de exploração da agropecuária. Dia após dia, várias áreas pantanosas vêm sendo drenadas, isso sem contar com as regiões afetadas pelo uso exagerado de agrotóxicos. Além disso tudo, há ainda um fator mais triste. Como esta ave é um tanto quanto exótica, alguns colecionadores ilegais chegam a pagar o equivalente a quase 40 mil reais para ter um exemplar dela em casa.
A ave que sobreviveu à 2ª Guerra Mundial
Sem sombra de dúvidas, o Shoebill é uma ave capaz de resistir à condições extremas, e a prova disso é o fato de terem evoluído a partir de uma espécie que passou pela Grande Extinção. No entanto, um espécime deste animal chamou muita atenção no Zoológico de Berlim por ter sofrido a uma série de bombardeiros durante a Segunda Guerra Mundial.
O zoológico foi alvo de vários ataques entre os anos de 1943 e 1945, e estima-se que pelo menos sete bombas tenham sido detonadas por lá. Mesmo assim, quando o Exército Vermelho tomou conta de Berlim e foi investigar o interior do zoológico, eles encontraram uma cegonha desta espécie, que havia sido salva por uma funcionária do local.
Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.