Não é difícil encontrarmos movimentos na internet contra os alimentos geneticamente modificados (genetically modified foods – GMOs) e, mesmo que o processo de modificação seja algo relativamente recente, o interesse pela genética por parte do ser humano é algo que existe há muitos séculos.
Hoje temos tecnologia para promover mudanças bem significativas em um curto prazo, ao passo que no passado, o “tempo de espera” dos experimentos era algo bem maior, através da criação seletiva que nos permite experimentar hoje frutos que são, literalmente, vindos de centenas de anos de trabalho.
Veja só como eram seis exemplares de frutas e vegetais no passado antes da intervenção humana:
6 – Banana Selvagem vs. Banana Moderna
Foto: geneticliteracyproject
As frutas ancestrais da Banana datam de 10.000 a 6.500 anos atrás, a partir do achado de fitólitos de bananas no sítio arqueológico do pântano de Kuk.
Hoje a banana é uma fruta doce e cremosa, mas houveram muitas mudanças e aperfeiçoamento para que agradasse tantos paladares. Uma mudança bem evidente foi a ausência das sementes, o que de fato dificultava sua ingestão.
Foto: Christian Dembowski
Em 1834 se iniciou a produção em massa de bananas no Caribe, quando a fruta chegou ao conhecimento da população local. Várias foram as tentativas cultivar a fruta, mas as bananas nunca resistiam às infestações de fungos. Somente quando os pesquisadores desenvolveram uma banana capaz de resistir aos fungos, o Giant Cavendish (Nanicão), que conseguimos chegar à variedade que temos hoje.
5 – Cenoura Selvagem vs. Cenoura Doméstica
Foto: geneticliteracyproject
As cenouras originais foram domesticadas na Ásia Central a partir do ano de 900 E.C.; eram roxas e amareladas. A planta de onde surgiu a cenoura moderna era originalmente de raiz esbranquiçada, de modo que até mesmo os escritos nos tempos grego e romano clássicos têm referências a raízes brancas comestíveis.
Foi um longo caminho para que elas se tornassem laranjas e tivessem esse formato como conhecemos hoje.
Foto: Tim Parkinson
Felizmente a raiz pode ser domesticada e, de acordo com o Guinness World Records, pode crescer até 6.245 metros! Sensacional. não é mesmo?
4 – Repolho Selvagem vs. Repolho Moderno
Foto: Kulac
A espécie Brassica oleracea é a bisavó de vegetais como repolho, brócolis, couve-flor, couve e outros. A forma não cultivada, chamada de “repolho silvestre”, nos dá uma boa ideia de como era o que hoje conhecemos como repolho há milhares de anos antes de começar a ser cultivado.
Antes dos gregos e dos romanos, a história da planta domesticada ainda é desconhecida. Porém, estudiosos dessa época deixaram muitos registros que confirmam a presença dessa espécie nas hortas. Aliás, ainda é possível ver o repolho selvagem crescendo perto de falésias calcárias, já que possui alta tolerância ao sal e à cal.
Foto: Bayer CropScience UK
Já o repolho moderno até abre o apetite pelo seu tamanho e cor: ele deriva do grupo Brassica oleracea Capitata e fica excelente bem picado em uma salada temperada, não é mesmo?
3 –Melancia Selvagem vs. Melancia Moderna
Foto: christies
Uma pintura do século XVII de Giovanni Stanchi nos dá um vislumbre de como eram as melancias no passado: certamente eram bem diferentes do que estamos familiarizados.
A obra foi pintada entre 1645 e 1672 e mostra bem pouco da parte vermelha da melancia, sendo a fruta predominantemente branca, parte que hoje não consideramos como comestível.
Foto: Scott Ehardt
Com o tempo, desenvolvemos melancias bem mais bonitas e saborosas, sendo que hoje até existem variedades sem sementes, que são produzidas através do cruzamento de linhas diplóides e tetraplóides de melancia, resultando em plantas triplóides estéreis.
2 – Berinjela Selvagem vs. Berinjela moderna
Ao longo da história, as berinjelas adotaram uma ampla gama de formas e tamanhos antes de terem a aparência que conhecemos hoje.
Algumas das versões mais antigas da berinjela foram registradas na China antiga e as primeiras gerações delas eram definitivamente muito diferentes das que conhecemos, possuindo até mesmo espinhos!
Foto: lchunt
Hoje as berinjelas são grandes e carnudas, o que nos permite preparar deliciosas refeições.
1 – Milho Selvagem vs. Milho Moderno
Foto: geneticliteracyproject
O milho é um exemplo clássico de como as mudanças são significativas com o tempo. No passado, em 7.000 a.C., o teosinte tinha gosto de batata crua muito seca, um pouco mais de 19 mm de tamanho e tinha apenas 8 variedades conhecidas. Os grãos eram bem duros e conhecidos amplamente na América Central.
Foto: Rosana Prada
Hoje o milho é produzido em uma variedade de cores e sabores, sendo cerca de 1000 vezes maior do que era antes e cultivado em 69 países. Nem precisamos mencionar as deliciosas receitas que fazemos com o milho, não é mesmo?
Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.