O governo dos Estados Unidos está considerando uma medida controversa: enviar cidadãos americanos para cumprir pena fora do país, em uma prisão conhecida por suas condições extremas. Trata-se do CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo), inaugurado em 2023 em El Salvador, com capacidade para abrigar até 40.000 detentos. O local tem sido duramente criticado por organizações de direitos humanos devido ao tratamento considerado desumano aos presos.
No dia 4 de fevereiro, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, deixou El Salvador após firmar um acordo migratório inédito com o presidente Nayib Bukele. Segundo Rubio, Bukele concordou em receber prisioneiros americanos, incluindo criminosos perigosos que já cumprem pena em solo norte-americano. Bukele confirmou a proposta, afirmando que ofereceu aos Estados Unidos a possibilidade de terceirizar parte de seu sistema prisional, mediante pagamento.
Apesar da declaração, um porta-voz do governo dos EUA afirmou que não há planos imediatos para transferir cidadãos americanos para El Salvador. Legalmente, o governo dos EUA não pode deportar seus próprios cidadãos, o que limita o escopo dessa medida. A ideia atual é direcionada principalmente a estrangeiros condenados em tribunais americanos.
As condições no CECOT são rigorosas. O diretor da prisão, Belarmino García, revelou que as refeições são simples e pequenas: feijão, queijo, arroz com feijão, banana-da-terra e uma bebida, como café ou atole no café da manhã e jantar. O almoço inclui arroz, macarrão e uma bebida. Carnes e cardápios especiais não existem em nenhuma circunstância.
Os presos são vigiados 24 horas por guardas armados. As luzes artificiais permanecem acesas o tempo todo, o que impede a escuridão total, e a ventilação é limitada, com temperaturas internas que podem chegar a 35ºC nos dias mais quentes. As celas têm beliches de até quatro andares, sem colchões ou lençóis, obrigando os detentos a dormirem sobre metal duro.
Miguel Sarre, ex-integrante do Subcomitê das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura, descreveu o CECOT como um “poço de concreto e aço”, alegando que a prisão é usada para “se livrar de pessoas sem aplicar formalmente a pena de morte”, mantendo-as detidas por tempo indeterminado.
O debate sobre o uso dessa prisão para detentos americanos deve continuar a gerar controvérsias tanto nos EUA quanto internacionalmente.