Na tranquila vila galesa de Beddau, Pontypridd, uma história assustadora se desenrolou, digna de um romance policial. Por anos, Leigh Ann Sabine contou aos seus vizinhos sobre um esqueleto de plástico que mantinha em seu apartamento, um suposto relicário de seus dias como enfermeira. Mal sabia alguém que essa história aparentemente inocente escondia um segredo sombrio e perturbador.
Em 2015, após a morte de Leigh, seus pertences foram removidos e colocados em um jardim comunitário. Entre esses itens estava o que parecia ser o esqueleto de plástico que ela mencionava frequentemente. Michelle James, uma vizinha, decidiu pegá-lo como parte de uma brincadeira inofensiva. No entanto, o que ela e outro vizinho descobriram ao desembrulhar o plástico estava longe de ser uma piada – era um corpo humano real.
Essa descoberta macabra deu início a uma série de eventos que desvendariam um caso de assassinato de décadas. O corpo foi identificado como sendo de John Sabine, marido de Leigh, que fora visto pela última vez em 1997. Inicialmente, Michelle foi considerada suspeita e presa, mas testes de DNA logo confirmaram que os restos pertenciam a John.
À medida que a polícia mergulhava mais fundo no passado dos Sabine, descobriu um rastro de abandono e engano. O casal havia vivido anteriormente na Austrália e teve cinco filhos juntos. Em um giro chocante, eles abandonaram todos os cinco filhos em um orfanato na Nova Zelândia antes de retornar ao Reino Unido.
A investigação enfrentou inúmeros desafios. Embora a polícia pudesse determinar que John havia morrido no final dos anos 90 e sofrido trauma por objeto contundente na cabeça, não conseguiram determinar a data exata ou a causa da morte. Isso até que uma peça crucial de evidência veio à tona.
Uma antiga amiga dos Sabine se apresentou com uma lembrança arrepiante. Ela recordou um telefonema perturbador com Leigh em 1997, durante o qual Leigh mencionou casualmente ter “espancado” John com um ornamento de sapo de pedra porque ele estava “incomodando-a”. Na época, a amiga não pensou muito sobre isso, mas à luz dos eventos recentes, essa conversa assumiu um novo significado sinistro.
A polícia conseguiu recuperar o ornamento de sapo de pedra, que provou ser a arma do crime. Ele continha traços de sangue de John e impressões digitais de Leigh, finalmente ligando-a diretamente ao assassinato do marido.
Com essa evidência, os investigadores puderam montar uma teoria sobre o que havia acontecido. Acreditavam que Leigh assassinou John enquanto ele dormia e depois escondeu seus restos em seu apartamento por quase duas décadas, até sua própria morte. O motivo, especulavam, derivava do ressentimento de Leigh em relação a John por seus arrependimentos sobre o abandono dos filhos.
O caso causou ondas de choque na comunidade e além. Tornou-se tema de uma série documental de três partes da Sky chamada “The Body Next Door“, que explorou a história retorcida de Leigh Ann Sabine e o desaparecimento de John Sabine.
Os filhos que os Sabine haviam abandonado tantos anos antes foram deixados para lidar com a verdade horrível sobre seus pais. Jane Sabine, uma de suas filhas, mais tarde afirmou: “Não tenho dúvidas de que minha mãe era capaz de assassinato.” Suas palavras pintam um retrato assustador da mulher no centro dessa história macabra.
A autora Juliet Eden, que entrevistou e fotografou Leigh Ann Sabine um ano antes de sua morte, ficou tão cativada pelo caso que escreveu um livro sobre ele intitulado “The Frog Murderer“. Seu trabalho oferece mais insights sobre a mente de uma mulher que conseguiu manter um segredo tão obscuro por tanto tempo.