As últimas palavras arrepiantes do toureiro que morreu empalado por um touro após tropeçar em sua própria capa

por Lucas Rabello
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Em julho de 2017, um acidente chocante durante uma tourada na França trouxe à tona os riscos extremos enfrentados por toureiros em uma das tradições mais polêmicas do mundo. Ivan Fandiño, um espanhol de 36 anos com mais de uma década de experiência nas arenas, morreu após ser atingido por um touro de meia tonelada. O episódio, ocorrido no festival de Aire-sur-l’Adour, no sudoeste francês, expôs detalhes dramáticos sobre os instantes finais do toureiro, além de reacender debates sobre a segurança e a ética dessa prática centenária.

Fandiño, natural do País Basco, era reconhecido por sua coragem em enfrentar animais considerados perigosos até por colegas veteranos. Naquele dia, ele já havia participado de uma competição pela manhã, demonstrando sua habitual habilidade.

Ele era conhecido por enfrentar touros que outros consideravam perigosos demais.

Ele era conhecido por enfrentar touros que outros consideravam perigosos demais.

Porém, durante a lida com o touro na tarde do mesmo dia, um erro inesperado selou seu destino: ao realizar um movimento, o toureiro pisou em sua própria capa, perdeu o equilíbrio e caiu de bruços na arena. O animal, aproveitando a falha, investiu com força, cravarndo um de seus chifres no torso do homem.

Testemunhas relataram que o chifre perfurou pulmões e outros órgãos vitais, causando um ferimento catastrófico. Fotografias registradas no local mostram Fandiño consciente, sendo carregado para fora da arena com roupas ensanguentadas, enquanto espectadores assistiam em choque. Ainda assim, suas últimas palavras, ditas aos socorristas, ecoaram como um alerta sombrio: “Depressa, estou morrendo”. O toureiro não resistiu ao trajeto até o hospital e faleceu em decorrência de uma parada cardíaca, agravada pelo trauma físico.

Juan del Alamo, colega que matou o touro após o ataque, descreveu o ocorrido como “um golpe do destino”. Em entrevistas, ele destacou a velocidade do acontecimento: “O touro o derrubou com os quartos traseiros, e tudo acabou em segundos. Foi impossível reagir”. A rapidez do desfecho surpreendeu até profissionais acostumados aos perigos da atividade.

Ele já havia se machucado antes nesse "esporte" polêmico.

Ele já havia se machucado antes nesse “esporte” polêmico.

A morte de Fandiño não foi um incidente isolado em sua carreira. Em 2014, ele havia sido nocauteado por um touro em Bayonne, na França, e, no ano seguinte, foi arremessado ao ar durante uma apresentação em Pamplona, na Espanha. Esses episódios, porém, não o afastaram das arenas. Sua dedicação à profissão o transformou em uma figura respeitada, a ponto de receber homenagens póstumas da família real espanhola, incluindo um tributo público do rei Felipe VI.

O caso ganhou dimensão histórica por um detalhe: Fandiño foi o primeiro toureiro a morrer em solo francês em quase 100 anos. O último registro semelhante datava de 1921, quando Isidoro Mari Fernando pereceu em uma arena na cidade de Béziers. A raridade de fatalidades entre toureiros na França contrasta com a realidade espanhola, onde, menos de um ano antes, Victor Barrio havia se tornado o primeiro profissional morto em três décadas no país, em um ataque televisionado ao vivo.

Enquanto adeptos defendem a tourada como parte essencial da cultura ibérica, classificada até como “patrimônio cultural” na Espanha, o episódio reacendeu críticas de grupos de proteção animal. Na França, onde a prática foi legalizada em 2012 sob pressão de tradicionalistas, o debate permanece acalorado. Para ativistas, a morte de Fandiño é um símbolo dos riscos inerentes a um esporte que coloca em perigo tanto humanos quanto animais. Já os defensores argumentam que a tradição, com seus rituais e técnicas, merece preservação, independentemente de sua natureza controversa.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.