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Árvore desaparecida há 200 anos é redescoberta no Brasil

Lucas R.

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Árvore desaparecida há 200 anos é redescoberta no Brasil
A redescoberta do azevinho pernambucano, uma espécie de árvore perdida para a ciência por quase dois séculos, é um milagre botânico.

A redescoberta do azevinho pernambucano, uma espécie de árvore perdida para a ciência por quase dois séculos, é nada menos que um milagre botânico. Aninhada profundamente na minguante floresta tropical atlântica do Brasil, a história desta árvore é um testemunho da resiliência da natureza e da dedicação incansável daqueles que buscam descobrir seus segredos.

Imagine a emoção e o entusiasmo que percorreu a equipe quando finalmente puseram os olhos no Ilex sapiiformis. As palavras de Juliana Alencar capturam a essência desse momento, comparando-o ao mundo pausando em reverência: “A natureza nos surpreende. Encontrar uma espécie da qual não se ouve falar há quase dois séculos não acontece todos os dias. Foi um momento incrível e a emoção foi sentida por toda a equipe.”

A jornada do azevinho pernambucano está entrelaçada com a história da paisagem em constante mudança do Brasil. Uma vez, a mata atlântica se estendia vasta e ininterrupta, mas hoje, impressionantes 85% dela foram perdidos. Os culpados? Desmatamento, pecuária e plantações de cana-de-açúcar. É um pensamento sóbrio que a própria terra onde George Gardner descobriu a árvore em 1838 foi transformada tão drasticamente.

No entanto, contra todas as probabilidades, a árvore foi encontrada em Igarassu, Pernambuco, uma área urbana movimentada. Essa descoberta desafia nossas percepções. Plantas, embora estacionárias, podem ser tão elusivas quanto qualquer animal. Como Christina Biggs da Re:wild aponta, só porque uma espécie não foi vista por mais de um século não significa que ela se foi. Ela pode estar prosperando silenciosamente em um canto esquecido do mundo, e o azevinho pernambucano é a prova viva disso.

azevinho pernambucano
(Fonte: Fred Jordão/Divulgação)

A busca por essa árvore não foi um simples passeio na floresta. Requeria planejamento meticuloso, pesquisa e um toque de sorte. A dedicação da equipe é evidente em sua busca exaustiva por milhares de registros digitais e coleções ainda não digitalizadas. Sua persistência foi recompensada quando encontraram uma amostra de 2007, que se tornou o farol que os guiou até Recife.

A alegria da descoberta é lindamente encapsulada nas palavras de Milton Groppo, comparando a experiência a se reunir com um parente há muito perdido: “Estávamos todos ansiosos para encontrar a árvore, e foi emocionante quando encontramos o primeiro indivíduo de Ilex sapiiformis, graças ao olhar atento do senhor Lenilson [Barbosa dos Santos, parabotânico], que conseguiu encontrar algumas flores brancas em uma árvore à beira da estrada de terra. Foi como encontrar um parente há muito perdido e esperado que você só conhece por meio de retratos antigos.”

O programa “Search for Lost Species” da Re:wild é um farol de esperança no mundo da conservação. A redescoberta do azevinho pernambucano não é apenas uma vitória para a equipe, mas também um testemunho do sucesso do programa. Desde 2017, nove espécies consideradas perdidas foram encontradas, e o azevinho pernambucano é uma orgulhosa adição a essa lista.

No entanto, a história não termina com a descoberta. O verdadeiro desafio está à frente. A esperança da equipe é que mais árvores estejam lá fora, escondidas no selvagem. Os próximos passos são cruciais: preservar seu habitat e iniciar um programa de reprodução para garantir a sobrevivência da espécie.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.