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Após 67 anos de busca, eles descobrem a “partícula demônio”

Lucas R.

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partícula demônio
A partícula demônio, descoberta em Estrôncio Rutenato, abre novas portas na física, com implicações em semimetais e supercondutividade.

A física quântica frequentemente é comparada ao misterioso mundo da magia, onde as partículas se comportam de maneiras que desafiam nosso entendimento convencional. Mas descobertas recentes na área da física dos materiais revelaram algo ainda mais fascinante – uma “partícula demônio.” Essa partícula não é uma criatura mítica, mas um fenômeno científico tangível, e não é algo saído de um romance de terror; é a intrigante realidade da mecânica quântica.

A partícula demônio, especificamente conhecida como Demônio de Pines, era uma previsão que pairava no ar da teoria científica desde 1956. Concebida pelo falecido físico David Pines, somente agora essa partícula elusiva foi finalmente capturada e observada, marcando uma conquista histórica no mundo da física.

Então, o que é essa partícula demônio, e por que ela é tão revolucionária? Vamos embarcar em uma jornada para desvendar esse conceito intrincado e explorar suas potenciais implicações no contexto mais amplo da mecânica quântica.

O que Esconde a Partícula Demônio?

O termo “partícula demônio” pode evocar uma imagem sinistra, mas tem uma origem fascinante e respeitosa. Nomeada em homenagem a James Clerk Maxwell, que concebeu o Demônio de Maxwell, o termo encapsula o comportamento de um tipo particular de plásmon.

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Um plásmon é uma excitação coletiva única em um mar de elétrons. Imagine como uma onda que se propaga por uma multidão em um estádio. Ele se comporta como um som acústico em um gás clássico, mas opera em um nível quântico, onde quantidades específicas de energia são necessárias para cada aumento de frequência.

O rutenato de estrôncio montado em um disco de cobre para espectroscopia eletrônica.
O rutenato de estrôncio montado em um disco de cobre para espectroscopia eletrônica.

Pines chamou este plásmon de “demônio” devido ao seu movimento eletrônico distinto, ou D.E.M., e sua associação com uma frequência incomum sem o custo de carga elétrica.

O Estrôncio Rutenato (Sr2RuO4), um metal em equilíbrio 3D, revelou a partícula demônio. Esse material é conhecido por agir de maneira estranha. Em baixas temperaturas, é um supercondutor, mas com o aumento do calor, torna-se um metal ruim, com propriedades que não se comportam como esperamos.

O físico Ali Husain descobriu a partícula por acidente ao estudar o material com espectroscopia de elétrons. O que ele encontrou não combinou com nenhuma quasipartícula conhecida. Análises subsequentes apontaram o demônio como o candidato mais provável, e eles até conseguiram replicar a detecção.

Dispersão do modo demoníaco em diferentes temperaturas. (Husain et al., Natureza, 2023)
Dispersão do modo demoníaco em diferentes temperaturas. (Husain et al., Nature, 2023)

Por que é Importante?

A identificação da partícula demônio não é apenas uma curiosidade acadêmica; tem implicações abrangentes. Ela desempenha um papel essencial em vários fenômenos, como transições em semimetais e supercondutividade, abrindo portas para um novo entendimento, especialmente porque os demônios podem ser fundamentais para a supercondutividade, um campo com infinitas possibilidades na transmissão de energia.

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Os pesquisadores acreditam que outros metais multi-bandas também podem revelar os segredos da partícula demônio, oferecendo oportunidades para estudar como seu comportamento pode mudar em diferentes contextos. Estudos de alta resolução podem ser possíveis com a microscopia eletrônica de varredura, o que poderia responder a novas perguntas e levar a uma teoria mais sofisticada e completa desses chamados demônios.

Conclusão

Em um mundo onde a ciência frequentemente descobre o comum por trás do extraordinário, a partícula demônio se destaca como um mistério cativante. Não é apenas uma alusão às conexões profundas, muitas vezes poéticas, entre a física e nossa cultura mais ampla, mas também um farol que aponta o caminho para o futuro da mecânica quântica.

Esta descoberta, registrada na Nature, acende nossa imaginação sobre o que é possível e abre o caminho para uma exploração mais profunda. Quem sabe? Talvez um dia, o estudo da partícula demônio nos conduza a tecnologias e entendimentos ainda não sonhados.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.