Nesta sexta-feira, 28 de fevereiro, o céu do Brasil será palco de um espetáculo astronômico raro: um alinhamento de sete planetas do Sistema Solar. Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno vão aparecer enfileirados na abóbada celeste, em um evento conhecido como “desfile planetário”. A última vez que um fenômeno semelhante ocorreu foi em 2022, mas com apenas cinco planetas visíveis a olho nu. Desta vez, a formação ganha dois participantes extras — Urano e Netuno — e só voltará a se repetir em 2040, segundo cálculos de astrônomos.
O alinhamento planetário acontece quando as órbitas dos planetas ao redor do Sol se posicionam de forma que, da perspectiva da Terra, eles parecem estar em linha reta. Como cada planeta se move em velocidade diferente, essa sincronia é rara. Na prática, eles não estão realmente alinhados no espaço tridimensional, mas a ilusão óptica cria um cenário impressionante. Na sexta-feira, Mercúrio e Vênus estarão mais próximos do horizonte oeste, enquanto Marte, Júpiter e Saturno ocuparão posições mais altas no céu. Já Urano e Netuno, por serem os mais distantes e menos brilhantes, só poderão ser vistos com ajuda de instrumentos como binóculos ou telescópios.
Como observar o alinhamento planetário
A observação do fenômeno será possível em todo o Brasil, mas o horário é crucial. O momento ideal começa logo após o pôr do sol, por volta das 19h45 (horário de Brasília), e atinge o ápice entre 22h e 23h30. Regiões com céu limpo e horizonte desobstruído — como áreas rurais, praias ou locais elevados — oferecem as melhores condições. Quem estiver em grandes cidades pode enfrentar dificuldades devido à poluição luminosa, que reduz o contraste dos astros no céu.
Para identificar os planetas, a dica é olhar na direção oeste. Mercúrio e Vênus, os mais próximos do horizonte, serão os primeiros a aparecer. Vênus, aliás, é fácil de reconhecer por seu brilho intenso e esbranquiçado. Já Mercúrio, menor e mais próximo do Sol, pode ser um desafio para iniciantes. Marte se destacará pela coloração avermelhada, enquanto Júpiter aparecerá como um ponto branco-amarelado e Saturno exibirá um tom mais amarelado e menos brilhante.
Você poderá ver Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Mercúrio
Urano e Netuno exigem atenção extra. Localizados nas partes mais altas do céu, eles são invisíveis a olho nu devido à distância. Um binóculo com lentes de pelo menos 50 mm de diâmetro ou um telescópio simples podem ajudar a encontrá-los. Aplicativos como Stellarium e SkyView são aliados valiosos: eles mostram a posição exata dos planetas em tempo real, usando a geolocalização do celular.
A previsão do tempo também é um fator decisivo. Nuvens ou chuva podem arruinar a experiência, então é importante checar as condições meteorológicas com antecedência. Em estados como Nordeste e Centro-Oeste, onde o clima costuma estar mais seco nesta época do ano, as chances de céu aberto são maiores.
Vale ressaltar que o desfile planetário não ocorre de uma só vez. Os planetas surgem gradualmente após o pôr do sol, e o ápice do alinhamento se prolonga por cerca de uma hora e meia. Para quem nunca observou o céu com atenção, essa é uma chance de reconhecer corpos celestes além da Lua e das estrelas. E mesmo sem equipamentos, quatro planetas — Vênus, Marte, Júpiter e Saturno — garantirão um espetáculo à parte, com detalhes visíveis até em áreas urbanas.
Astrônomos lembram que eventos como esse são oportunidades únicas para aproximar o público da ciência. Observar o movimento dos planetas ajuda a entender a dinâmica do Sistema Solar e a imensidão do espaço. E em 2040, quando o próximo alinhamento semelhante ocorrer, muitos dos que acompanharem o fenômeno desta sexta-feira poderão reviver a experiência com novos olhos — ou compartilhá-la com as próximas gerações.
