O El Niño invadiu oficialmente a festa climática e não está tímido ao fazer sua presença conhecida. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) confirmou que as condições para esse evento de variação climática estão em pleno andamento, com potencial para se transformar em um Super El Niño, um dos mais fortes da história.
Esse fenômeno climático temperamental gosta de aumentar o calor e causar estragos nos padrões de chuva, tornando qualquer ano típico algo totalmente diferente, segundo o Severe Weather Europe.
Não é um evento climático comum
Se o clima fosse um filme de sucesso, El Niño seria o anti-herói imprevisível que te mantém na beira do assento. E embora não possamos prever todos os seus movimentos, estamos bastante bons em identificar os sinais de sua chegada. Isso inclui mudanças na temperatura do Oceano Pacífico persistindo por pelo menos cinco ou seis meses, seja aumentando ou diminuindo.
O El Niño é metade da dupla dinâmica conhecida como fenômeno El Niño-Oscilação do Sul (ENOS), sendo a outra metade sua irmã mais fria, a La Niña. Apesar de serem totalmente opostos, esses dois conseguem compartilhar o palco, se revezando na posição de destaque com um curto intervalo de neutralidade no meio.
El Niño e La Niña: Polos opostos
Os dois irmãos são tão diferentes quanto fogo e gelo. Quando El Niño entra em cena, é como se alguém aumentasse o calor e desligasse o ar condicionado. Ele também tem o poder de tornar os padrões climáticos imprevisíveis.
Por outro lado, La Niña gosta de baixar a temperatura e refrescar um pouco as coisas. Então, um traz calor, o outro traz frio.
Mas por que esses dois fenômenos ocorrem? Bem, a resposta está no maior oceano do nosso planeta, o Pacífico. O resfriamento ou aquecimento dessas águas ao longo do tempo pode afetar a atmosfera, preparando o terreno para a grande entrada de El Niño ou La Niña.
Não culpe o aquecimento global
El Niño e La Niña não são resultado do aquecimento global. Em vez disso, são perturbações no clima que podem causar uma alteração temporária nos padrões climáticos por cerca de 1 a 2 anos.
No entanto, é importante lembrar que, embora não sejam causados pelas mudanças climáticas, podem ter um efeito sobre elas, criando um ciclo de retroalimentação. Em essência, ambos podem contribuir para o aquecimento global e serem influenciados por ele.
O impacto no Brasil e no Mundo
Quando El Niño assume o centro do palco, tende a causar secas nas regiões norte e nordeste do Brasil devido à falta de chuvas. Enquanto isso, as regiões sul e sudeste frequentemente sofrem com chuvas excessivas.
Mas El Niño não afeta apenas o Brasil. O mundo inteiro sente seu impacto. Na Oceania e na Indonésia, por exemplo, o clima fica mais seco. Na costa leste da África e na Europa, o fenômeno tende a trazer mais chuva, enquanto a parte sul do continente se torna mais seca e quente. Nos Estados Unidos, geralmente resulta em invernos mais amenos.
Já La Niña é conhecida por diminuir as temperaturas e reduzir a quantidade de chuva, o que pode resultar em problemas de abastecimento de água em certas regiões. Também tem o efeito de estender a influência das massas de ar frio, o que pode causar um atraso no início da primavera e do verão.
A grande pergunta: Super El Niño em 2023?
Enquanto nos preparamos para 2023, todos os olhos estão voltados para El Niño e se ele se transformará em um “Super”. Essa versão potencializada do fenômeno poderia causar temperaturas acima da média na região equatorial leste do Pacífico, alterando a circulação normal do ar e causando variabilidade climática em várias partes do mundo.
Mas prever um Super El Niño não é tarefa fácil. Existem vários fatores a serem considerados, incluindo a taxa de aquecimento no Oceano Pacífico e a extensão desse aquecimento. Com uma chance de 56% de um evento forte e 25% de um Super El Niño, as apostas são certamente altas.
As implicações de um Super El Niño
Se um Super El Niño ocorrer em 2023, poderá ter implicações significativas para o clima global. Um El Niño excepcionalmente forte poderia agravar as tendências do aquecimento global, levando a ondas de calor mais intensas, secas severas e eventos de chuvas intensas.
No Brasil, um Super El Niño poderia potencialmente resultar em condições climáticas extremas, com secas violentas no norte e nordeste e enchentes corriqueiras no sul e sudeste. Para países que já lidam com os impactos das mudanças climáticas, um Super El Niño poderia representar uma camada adicional de complexidade para seus esforços de adaptação e mitigação.
El Niño e La Niña podem ser convidados inevitáveis em nossa festa climática, mas entender seus hábitos e padrões pode nos ajudar a nos preparar para seus impactos. Isso requer um planejamento cuidadoso para o gerenciamento dos recursos hídricos e outras atividades influenciadas por esses fenômenos.
Portanto, embora não possamos interromper a festa, certamente podemos nos preparar para os convidados! Enquanto observamos a dança sempre em mudança dos irmãos climáticos, vamos lembrar que o conhecimento é poder. E em um mundo onde o clima é um jogador-chave, esse poder pode fazer toda a diferença.