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Águia de Sangue: a terrível tortura viking que deixava suas vítimas literalmente do avesso

Lucas R.

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Águia de Sangue
A Águia de Sangue era um método de execução no qual os vikings estripavam suas vítimas e puxavam seus pulmões pelas costas.

Os livros da história, inundados com histórias de brutalidade e conquista, trouxeram à tona algumas narrativas arrepiantes. Entre essas histórias, destaca-se o terrível relato da ‘Águia de Sangue’, um ritual que se diz ter sido praticado pelos Vikings. Vamos nos aprofundar nessa lenda, separando fato de ficção, e descobrindo as origens, métodos e debates em torno deste controverso ato.

Origens da Águia de Sangue

A Águia de Sangue encontra suas raízes nas sagas dos Vikings. Conforme estas histórias, os Vikings supostamente empregaram este horripilante método de tortura como um testemunho ao seu deus, Odin, e como meio de espalhar terror enquanto aventuravam e conquistavam novos territórios.

Uma mera menção à Águia de Sangue e aldeias se esvaziariam, com moradores fugindo em pânico puro. Este método não era apenas um meio de execução; era uma declaração, uma exibição teatral de poder e brutalidade, destinada a evocar medo e submissão.

O Procedimento Macabro da Águia de Sangue

O procedimento da Águia de Sangue, embora assustador de imaginar, é essencial para entender. Imagine isso: a vítima, mãos e pernas amarradas, é colocada de bruços. O executor então faz uma incisão perto do cóccix, movendo-se em direção à caixa torácica. Com meticulosa precisão, cada costela é desprendida da coluna vertebral usando um machado, expondo horrivelmente os órgãos internos da vítima. A crueldade não termina aí. Sal é esfregado na profunda ferida, intensificando a agonia.

Agora, o clímax deste ato hediondo: os pulmões da vítima são arrancados, dando a aparência de asas estendidas a partir das costas. Assim, surge a águia de sangue – uma grotesca e sangrenta semelhança de um pássaro.

Relatos Históricos e Vítimas Notáveis

Uma representação de mensageiros do Rei Aella trazendo notícias aos filhos de Ragnar Lothbrok. Claramente, isso não adiantou nada.
Uma representação de mensageiros do Rei Aella trazendo notícias aos filhos de Ragnar Lothbrok. Claramente, isso não adiantou nada.

Embora os primeiros relatos da Águia de Sangue remontem a 867 d.C., sua menção tornou-se mais proeminente durante os ataques vikings a Northumbria. Aella, o então rei, diz-se ter matado o líder viking, Ragnar Lothbrok, usando uma cova de cobras. Em vingança, os filhos de Lothbrok invadiram a Inglaterra. Ivar, o Desossado, um de seus filhos, garantiu que o Rei Aella enfrentasse a ira da Águia de Sangue. Este ritual, seja real ou mitológico, sublinhou a força e vingança dos Vikings.

Além disso, há especulações de que o Rei Edmund da Inglaterra, Halfdan (filho do Rei Haraldr da Noruega), o Rei Maelgualai de Munster, e o Arcebispo Aelheah possam ter encontrado destinos semelhantes nas mãos dos Vikings, especialmente Ivar, o Desossado.

Propósito por trás da Águia de Sangue

A razão por trás de tal ato desumano é dupla. Em primeiro lugar, acreditava-se que era um sacrifício para Odin, o pai no panteão nórdico dos deuses e a divindade da guerra. Os Vikings, em seu profundo sistema de crenças, poderiam ter visto isso como uma oferta para apaziguar ou honrar seu deus.

Em segundo lugar, e talvez mais plausivelmente, a Águia de Sangue serviu como uma punição para aqueles considerados sem honra. A saga Orkneyinga traça um vívido retrato onde Halfdan, após sua derrota, enfrentou a Águia de Sangue como um sinal de desonra e retribuição pelas mãos do Conde Einar.

Debate Histórico: Ritual ou Rumor?

Embora a mera ideia da Águia de Sangue arrepie, sua autenticidade continua sendo um tópico de intenso debate entre os estudiosos. As principais fontes detalhando este ritual, as sagas vikings, não foram escritas até os séculos 1100 e 1200, séculos após os eventos alegados. Poderiam ser meros exageros destinados ao entretenimento durante os longos e rigorosos invernos nórdicos?

Historiadores proeminentes, como Saxo Grammaticus, oferecem teorias alternativas. Ele descreve a Águia de Sangue como um método de simplesmente esculpir uma águia nas costas da vítima, sugerindo que os detalhes mais macabros foram adições posteriores, elaborados para máximo horror e sensacionalismo.

No entanto, a especificidade na descrição do ritual em várias sagas pode indicar alguma base na realidade. Os detalhes macabros podem não ser meras invenções, mas derivados de alguns incidentes, embora possivelmente exagerados ao longo do tempo.

Outros Métodos de Tortura Viking

Além da águia de sangue, os Vikings utilizavam várias outras técnicas de tortura aterrorizantes. Um desses métodos era o ‘Carne Pendurada’. Tão horrível quanto soa, isso envolvia perfurar os calcanhares das vítimas, inserir cordas nas aberturas e, em seguida, suspendê-las de cabeça para baixo. O ato de perfurar os calcanhares era dolorosamente excruciante, e a posição resultava em sangue correndo em direção aos seus corações.

Outro método era a ‘Caminhada Fatal’. Neste, o abdômen da vítima era incisado e um segmento do intestino era extraído. O torturador então segurava essa seção do intestino, obrigando a vítima a caminhar ao redor de uma árvore. Com o tempo, todo o trato intestinal se enrolaria ao redor da árvore.

Conclusão

A Águia de Sangue, seja uma realidade terrível do domínio viking ou uma lenda exagerada, consolidou seu lugar nas narrativas históricas. Seu conto, tanto fascinante quanto horripilante, serve como um lembrete dos extremos a que a humanidade pode ir em nome da crença, vingança e poder. Enquanto peneiramos os registros históricos e debatemos sua autenticidade, o legado da Águia de Sangue, como um dos contos mais grotescos da era Viking, permanece inabalável.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.