A verdade assustadora sobre o que scanners de raio‑X de aeroportos podem ver, após homem passar por um com ereção scan

por Lucas Rabello
1,1K visualizações

Passar pela segurança do aeroporto é uma etapa quase universalmente temida. Quem nunca revirou a bolsa de mão em pânico, tentando lembrar se deixou um tubo de pasta de dente com mais de 100 ml esquecido em algum canto? Ou ficou nervoso imaginando uma revista minuciosa da bagagem? É um momento de tensão, onde qualquer coisa fora do comum pode gerar constrangimento. Um caso recente, que viralizou no Reddit, trouxe à tona lembranças de uma tecnologia de segurança particularmente invasiva: os polêmicos scanners Rapiscan.

Um jovem de 26 anos compartilhou uma experiência que classificou como profundamente humilhante. Ele estava no aeroporto de Reno-Tahoe, nos Estados Unidos, após se despedir da namorada. O clima emotivo do adeus provocou nele uma ereção. Ao passar pelo scanner corporal de segurança, um enorme círculo vermelho destacou sua região íntima na tela do operador.

Isso resultou em uma revista minuciosa, um “pat-down” na área sinalizada, inclusive na presença de um supervisor. O jovem, embaraçado, tentou explicar a situação natural (“estava com a minha namorada, desculpe”), mas a experiência já estava marcada.

Ele enfatizou que os agentes foram profissionais, mas o constrangimento foi intenso. Essa situação reacendeu o debate sobre o equilíbrio entre segurança e privacidade, e fez muitos lembrarem de um capítulo ainda mais controverso: os scanners Rapiscan.

Mas por que esses scanners antigos eram tão problemáticos? A história começa com um evento trágico. No Natal de 2009, Umar Farouk Abdulmutallab tentou detonar explosivos plásticos escondidos em suas roupas íntimas durante um voo da Northwest Airlines de Amsterdã para Detroit.

Graças à intervenção corajosa de passageiros, o atentado fracassou. Abdulmutallab, ligado à Al-Qaeda, recebeu posteriormente múltiplas sentenças de prisão perpétua. Esse incidente expôs uma falha crítica na tecnologia de segurança da época e levou à adoção acelerada de uma nova geração de scanners: os Rapiscan, também conhecidos como scanners de “imagem corporal completa”.

Os Estados Unidos e o Reino Unido foram os primeiros a implementar esses novos equipamentos em grande escala por volta de 2013. Cada unidade custava cerca de 180 mil dólares.

Eles podiam ver tudo… (X)

Eles podiam ver tudo… (X)

A promessa era uma detecção muito mais eficiente de objetos ocultos sob as roupas, algo que os tradicionais detectores de metais e raios-X de bagagem não conseguiam fazer com a mesma precisão para materiais não metálicos, como os explosivos plásticos usados no atentado de 2009. No entanto, o funcionamento real dos Rapiscan gerou um furacão de controvérsias.

O problema central era o tipo de imagem que eles produziam. Em vez de simplesmente destacar áreas suspeitas, os scanners Rapiscan geravam uma imagem virtualmente nua do corpo do passageiro. Os detalhes anatômicos eram claramente visíveis para os agentes de segurança que analisavam as imagens em salas separadas.

Era como se cada pessoa fosse submetida a um raio-X que revelasse sua nudez completa, sem seu conhecimento explícito ou consentimento informado sobre o nível de detalhe capturado. A sensação de exposição e violação de privacidade foi imediata e massiva. Passageiros de todos os tipos se sentiram vulneráveis e indignados ao saber que sua imagem corporal íntima estava sendo visualizada por estranhos.

A reação pública foi tão intensa e negativa que a vida útil dos Rapiscan nos principais aeroportos foi extremamente curta. Nos Estados Unidos, a TSA (Administração de Segurança nos Transportes) anunciou a remoção dos equipamentos em junho de 2013. O motivo oficial citado foi o fracasso da fabricante, Rapiscan Systems, em cumprir um prazo imposto pelo Congresso para implementar um software chamado “Reconhecimento Automatizado de Alvos” (ATR) de forma não imagética.

Esse software era crucial. Em vez de mostrar uma imagem nua realista, o ATR deveria processar os dados do scanner e apresentar apenas uma silhueta genérica de um corpo humano, com marcadores indicando áreas onde objetos suspeitos estavam escondidos. A incapacidade da Rapiscan em entregar essa tecnologia no prazo estipulado levou ao cancelamento do contrato. A partir daquele momento, apenas scanners com a capacidade ATR não imagética seriam usados.

O que veio depois dos Rapiscan? A tecnologia de segurança continuou a evoluir, focando em maior eficiência e, felizmente, muito mais respeito à privacidade. O Reino Unido, por exemplo, está no meio de uma grande implantação nacional dos chamados Pontos de Controle de Segurança de Nova Geração (NGSC).

Esses scanners de última geração representam um avanço significativo em vários aspectos. O mais importante para os passageiros é que eles utilizam versões avançadas do software ATR ou tecnologias similares. Isso significa que a imagem vista pelo operador não é mais uma representação nua e detalhada do corpo.

Felizmente, os scanners foram modificados

Felizmente, os scanners foram modificados

Em vez disso, o sistema processa os dados e exibe apenas uma figura humana padronizada e anônima, como um boneco de palitos ou uma silhueta simples, com alertas claros (como círculos vermelhos ou amarelos) apontando apenas locais específicos onde materiais potencialmente proibidos foram detectados. A privacidade intrínseca do passageiro é preservada.

Mas os benefícios dos NGSC vão além da privacidade. Eles trazem uma mudança prática muito bem-vinda: a simplificação do processo de triagem. Graças à sua capacidade superior de análise, os novos scanners permitem que os passageiros deixem líquidos (dentro dos limites permitidos) e aparelhos eletrônicos, como laptops e tablets, dentro das suas bagagens de mão durante a verificação.

Não é mais necessário retirar todos esses itens e colocá-los em bandejas separadas, um dos passos que mais causa lentidão e confusão nas filas de segurança. Isso representa um ganho enorme em agilidade e conveniência.

Além disso, a tecnologia aprimorada promete uma detecção mais precisa de uma gama mais ampla de ameaças, incluindo baterias de lítio (um risco crescente em aviação), materiais cáusticos e substâncias explosivas ou inflamáveis, que os sistemas mais antigos poderiam ter dificuldade em identificar, especialmente se bem ocultos.

No Reino Unido, aeroportos importantes como Aberdeen, London City, Leeds Bradford, Newcastle, Southend e Teesside já estão equipados com os scanners NGSC. O governo britânico anunciou essa transição já em 2018, estabelecendo prazos para a instalação completa.

O Secretário de Transportes, Mark Harper, destacou que a tecnologia fortalece a segurança aérea enquanto torna as viagens mais fáceis para os passageiros, posicionando o Reino Unido na liderança global nessa área.

Ele também reconheceu que alguns aeroportos enfrentaram atrasos na implementação, recebendo uma extensão de prazo, e aconselhou passageiros que voam de locais ainda não atualizados a continuarem verificando as regras tradicionais de líquidos antes de viajar.

Voltando ao caso do jovem no aeroporto de Reno-Tahoe: embora os scanners utilizados hoje sejam radicalmente diferentes e muito mais discretos que os antigos Rapiscan, o incidente mostra que situações embaraçosas ainda podem ocorrer.

Os sistemas modernos são programados para sinalizar qualquer anomalia ou densidade incomum sob as roupas. Uma reação fisiológica involuntária, como uma ereção, pode, tecnicamente, aparecer como uma “massa” não identificada pelo algoritmo, desencadeando a necessidade de uma verificação manual adicional por parte dos agentes. Isso coloca o passageiro em uma situação delicada e potencialmente constrangedora, mesmo que os agentes ajam com total profissionalismo, como descrito no relato.

A evolução dos scanners de aeroporto, dos invasivos Rapiscan para os discretos NGSC, ilustra uma busca constante por equilíbrio. O objetivo primordial é inegociável: garantir a segurança de milhões de pessoas que cruzam os céus diariamente. O desafio tecnológico é enorme, exigindo a detecção de ameaças cada vez mais sofisticadas e difíceis de identificar.

Paralelamente, existe a necessidade fundamental de respeitar a dignidade e a privacidade individual dos passageiros, evitando exposições desnecessárias e constrangimentos. A falha dos Rapiscan foi ignorar quase completamente esse segundo aspecto. As tecnologias atuais, como os NGSC, demonstram que é possível avançar significativamente na segurança sem sacrificar a privacidade de forma tão radical.

Elas oferecem um processo mais rápido, menos intrusivo visualmente e mais eficiente. No entanto, como o caso viral do Reddit nos lembra, a interação entre tecnologia sensível e o corpo humano, em toda a sua imprevisibilidade, ainda pode reservar momentos de desconforto, mesmo nos sistemas mais avançados. A jornada pela segurança aérea ideal, eficaz e respeitosa, continua.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.
error: O conteúdo é protegido!!