Se hoje em dia a varíola é uma doença controlada, principalmente por conta da vacina, esta não era a realidade em 1562. Naquele ano, a Rainha Elizabeth I, então com 29 anos de idade, contraiu a doença e experimentou na pele os problemas terríveis que ela acarretava. Ao apresentar uma febre muito forte, os médicos ordenaram que a Rainha não saísse da sua cama, no Palácio de Hampton Court.
Naquela época, a varíola era doença extremamente contagiosa e letal. Não havia nenhum tipo de tratamento para ela, e a cura dependia praticamente de um milagre. A doença só foi considerada erradicada em 1980, por conta da vacina, mas até 20 anos antes (em 1960) ela matava 2 milhões de pessoas todos os anos.
Normalmente, a doença acabava causando pústulas e bolhas no corpo, que deixavam para trás várias cicatrizes naqueles que conseguiam sobreviver. E foi isso que fez com que Elizabeth I acabasse se tornando uma das pessoas mais icônicas da monarquia inglesa, principalmente por conta da sua maquiagem exagerada.
No começo, a Rainha não acreditou que tivesse contraído a varíola, e chegou inclusive a expulsar alguns médicos que deram este diagnóstico em seu leito. De acordo com alguns autores, Elizabeth só se deu conta da sua real condição quando a doença evoluiu, fazendo com que ela mal conseguisse falar ou se mover. Muitos acreditaram, neste momento, que a monarca não iria resistir. Esta ideia inclusive fez com que o alto escalão do Reino Unido começasse a discutir quem iria assumir o trono, já que a Rainha não tinha nenhum filho. Alguns acreditavam que Maria, da Escócia, seria o nome mais indicado para o trono, mas o fato dela ser católica incomodava a parcela protestante dos britânicos.
Porém, eventualmente, as preocupações acabaram, já que Elizabeth conseguiu se recuperar de forma quase milagrosa. O problema é que, ainda que seu rosto não estivesse completamente destruído pela varíola, ele ficou bastante marcado. E considerando que a Rainha Elizabeth sempre se preocupou muito com a sua aparência, isso foi motivo de bastante incômodo para ela. Alguns autores da época relatam que a monarca ficou arrasada ao perceber que seu rosto iria sempre relembrar o momento terrível que ela viveu. E por isso ela começou a usar uma fortíssima maquiagem branca para esconder as marcas da varíola.
Elizabeth usava um cosmético conhecido como “ceruse veneziano”, que levava vinagre e chumbo na sua composição. Este último componente, como você deve saber, é extremamente prejudicial para a saúde, e pode até mesmo levar à morte. Mesmo assim, este produto era bastante utilizado pelo alto escalão da Europa naquela época, sempre com o intuito de ficar com a pele mais branca. Segundo historiadores, a pele clara era um sinal de status, já que indicava que a pessoa não precisava trabalhar na rua.
O uso prolongado do ceruse veneziano, quando não levava à intoxicação e à morte, podia fazer com que a pele do usuário ficasse cinzenta, e até mesmo enrugada. Obviamente, a ciência e a medicina da época não conheciam de forma clara estes efeitos adversos. Para piorar a situação, a Rainha Elizabeth ainda utilizava pigmentos vermelhos nos seus lábios, que continham ainda mais metais pesados em sua composição.
No fim das contas, não se sabe exatamente se todos esses produtos agressivos aceleraram a morte da Rainha Elizabeth I, aos 69 anos de idade, em 1603. Mas ainda que a causa da sua morte seja alvo de debate, as hipóteses mais consideradas são de intoxicação, pneumonia e até mesmo câncer. Alguns especialistas em história dizem que a Rainha perdeu grande parte do seu cabelo, vivia cansada e enfrentou uma forte perda de memória no final da sua vida. Todos esses sintomas podem indicar uma intoxicação por chumbo.
De qualquer forma, a maquiagem mortal foi responsável por criar a imagem da Rainha Elizabeth I que conhecemos até os dias de hoje.

Com informações do News.com.au.