Para comemorar o lançamento da cinebiografia de Christopher Nolan “Oppenheimer”, abaixo está um texto baseado no livro no qual o filme se inspira, “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer” (Knopf, 2005), de Kai Bird e Martin J. Sherwin.
É uma manhã fria no Novo México, em julho de 1945. Richard Feynman, um dos cientistas do Projeto Manhattan, está de pé, a frios 32 quilômetros do local da Trinity (codinome da primeira detonação de uma arma nuclear). Nas suas mãos, um par de óculos escuros, oferecidos para proteger seus olhos da explosão esperada. Feynman, com sua lógica excêntrica, abandona os óculos por uma cabine de caminhão. Ele quer testemunhar esse momento em toda sua glória crua e indomada. Então, num piscar de olhos, o horizonte explode em um flash mais brilhante que mil sóis.
Para James Conant, outro homem entre os cientistas do Projeto Manhattan, a visão é avassaladora. Ele esperava um rápido espetáculo de luz, mas isso era algo mais. A luz branca pintava todo o céu e, por um momento fugaz, o medo roía seu coração. Será que foi um erro catastrófico? O mundo acabou de explodir em chamas?
A Visão Estonteante da Detonação
Bob Serber, com seu vidro de soldador, também se encontra no espetáculo inspirador da explosão. Um braço cansado e uma pausa momentânea levam a um flash cegante. Quando a visão retorna, uma coluna violeta se ergue alta, um testemunho da engenhosidade humana e do terrível poder que acabaram de desencadear.
Cada cientista naquela manhã fatídica teve sua experiência única, uma memória compartilhada gravada nos anais da história. A escuridão gelada se transformou em um dia fantasmagórico, com o céu pulsando com um brilho púrpura. Era como se estivessem presos em uma etérea aurora boreal, um espetáculo que Joe Hirschfelder lembraria para sempre em detalhes vívidos.
Imagine ser Frank Oppenheimer, testemunhando a explosão ao lado de seu irmão, Robert. Mesmo com os olhos fechados, o flash penetrava suas pálpebras, transformando a escuridão em um brilho intenso e alienígena. O medo o inundou enquanto a brilhante nuvem púrpura pairava no ar, espessa de poeira radioativa, ameaçando engolir tudo.
No centro de tudo, estava Robert Oppenheimer, o pai da bomba atômica. Sua expressão estoica escondia a antecipação tensa interna. Ele estava de bruços, murmurando orações em voz baixa. Quando a contagem regressiva chegou a zero e o mundo estremeceu com a explosão atômica, seu comportamento tenso derreteu, substituído por um alívio avassalador.
Ninguém pode afirmar saber o que se passava na mente de Oppenheimer durante aqueles segundos momentosos. Mas seu irmão, Frank, lembra vividamente seu suspiro mútuo de alívio – “Funcionou.”
Reações Pós-Explosão: Alívio e Percepção do Poder Desencadeado
O cientista do Projeto Manhattan, Isidor Rabi, ao ver Oppenheimer mais tarde, sempre lembraria da passada calma e confiante do homem que havia mudado o mundo. Ele tinha o ar de um homem no comando, desfilando como um herói no velho-oeste.
As lembranças daquele dia, as histórias desses cientistas do Projeto Manhattan, são um lembrete da incursão da humanidade na era da energia nuclear. É uma mistura potente de admiração, medo, alívio e a compreensão sóbria do poder que exerceram. William L. Laurence, o repórter do New York Times, resumiu tudo depois de conversar com Oppenheimer, “Muitos garotos ainda não cresceram o suficiente para deverem suas vidas a isso.”
O legado desses cientistas do Projeto Manhattan continua a ressoar em nosso mundo, moldando nossas percepções de ciência, poder e a responsabilidade que vem com isso. Suas histórias nos aproximam de um dos momentos mais decisivos do século XX, lembrando-nos de nossa capacidade para tanto a criação quanto a destruição.