Entre 1939 e 1945 o mundo vivenciava Segunda Guerra Mundial, um evento em que cerca de seis milhões de judeus foram mortos durante o Holocausto posto em prática pela Alemanha Nazista. Tal atrocidade ficou marcada tão profundamente na história que é possível sentir toda a tristeza envolvida até os dias de hoje ao visitar o Memorial aos Judeus Mortos da Europa, também conhecido como Memorial do Holocausto – uma obra extensa projetada pelo arquiteto Peter Eisenman e erguida em Berlim para vítimas judias do Holocausto.
Além dos judeus, muitas outras vítimas morreram em decorrência da ideologia de “supremacia ariana” pregada por Adolf Hitler: cristãos da religião testemunhas de Jeová, negros, pessoas da comunidade LGBTQ+, ciganos, comunistas ou pessoas com necessidades especiais também eram alvo do Partido Nazista. E, dentre essas pessoas estava Czeslawa Kwoka, a garota que chorou ao ser fotografada e gera repercussões até hoje.

Czeslawa Kwoka foi levada para Auschwitz em dezembro de 1942 na companhia de sua mãe, partindo de Zamosc onde trabalhavam com agricultura como a maioria das pessoas que moravam no local. Ali elas foram brutalmente retiradas de suas casas e estavam entre os 116 mil poloneses deportados de suas aldeias com a invasão alemã ao país em 1939.
O registro foi feito pelo fotógrafo Wilhelm Brasse, também um polonês que foi deportado para Auschwitz pelos nazistas e estava sendo obrigado a tirar fotos dos prisioneiros no campo. E, para se ter ideia da quantidade de pessoas, somente ele conseguiu fotografar entre 40 e 50 mil pessoas.
A jovem tinha apenas 14 anos e recebeu o número 26947 de prisão. Pode-se ver o temor dela em seus olhos lacrimejantes e assustados.
O fotógrafo, anos mais tarde, relembrou o momento em que tirou a foto.

“Antes da foto, uma oficial alemã havia batido com uma vara no rosto dela… uma jovem tão linda, tão inocente… que não tinha feito nada para merecer isso. Ela chorou, mas não podia fazer nada”, contou, conforme documentado numa reportagem do Mail on Sunday de 2007, que apresenta esse relato em uma entrevista concedida pelo fotógrafo.
Na imagem, inclusive, é possível ver o sangue saindo do corte aberto no lábio de Czeslawa, ao mesmo tempo que podemos ter a percepção de que ela não sabia o que estava acontecendo, porém estava muito triste.
Infelizmente, a menina foi morta três meses após ser ter sido fotografada para os registros dos nazistas, se tornando uma das tantas crianças assassinadas em Auschwitz. Não se sabe como ela faleceu: se foi em decorrência de exaustão do trabalho ou por outros métodos macabros que os nazistas praticavam.
Ao perceberem que a guerra estava no fim e eles estavam perdendo, os alemães tentaram se livrar de tudo que poderia evidenciar os horrores que praticavam, o que os fez queimar as evidencias como os documentos das vítimas, fotos e tudo o mais.
Com as fotografias de Brasse não foi diferente, porém parte delas sobreviveu, como essa, que até os dias de hoje podemos acessar.