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A história do “Esqueleto Vivo”, que pesava apenas 19kg e era atração nos EUA

Leonardo Ambrosio

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Durante o século 19, muitas pessoas ganharam a vida no que era conhecido ‘Freak Shows’, um tipo de circo onde figuravam pessoas com características curiosas e chamativas. Entre eles, estavam homens e mulheres muito acima do peso, com mutações físicas ou doenças genéticas raras. E um homem que fez bastante sucesso dentro desse ramo foi Isaac W. Sprague, também conhecido como “Esqueleto Vivo”. Mas apesar sucesso nas suas apresentações, Sprague guardava uma história triste.

Nascido em 21 de maio de 1841, no Massachusetts, Isaac foi um americano que nasceu de pais saudáveis, sem nenhum tipo de condição física fora do normal. E até os seus 12 anos de idade, ele também não apresentava nada de anormal. No entanto, certo dia ele se queixou de uma forma cólica, e apesar de ter um apetite normal para um garoto da idade dele, ele rapidamente começou a perder muito peso, cada vez mais.

Seus pais tentaram entender o que estava acontecendo, e levaram o garoto para uma série de médicos e especialistas ao redor dos Estados Unidos. O problema é que a medicina da época não era capaz de ajudar o garoto, e ele foi ficando cada vez mais magro. Eventualmente, chegou a pesar apenas 19kg, com 1,67m de altura.

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National Portrait Gallery, Smithsonian Institution; Frederick Hill Meserve Collection

Durante a adolescência, o garoto ajudou o seu pai, que trabalhava fazendo sapatos. Trabalhou também em uma mercearia, mas cada vez mais ele ficava sem forças, e não conseguia manter sua energia durante todo o expediente. Em 1860, quando ele tinha apenas 19 anos, Isaac já nao tinha mais seus pais vivos, e precisou fazer algo para sobreviver.

Foi aí que, em 1865, ele se apresentou para P.T Barnum, dono de um dos chamados ‘dime museums’, instituições de entretenimento e educação que faziam sucesso nos Estados Unidos da época. Esses museus tinham como público alvo a classe mais pobre e trabalhadora, e incluíam, nas suas atrações, a apresentação de pessoas “diferentes”.

Foi aí que Sprague viu uma oportunidade. Com a ajuda de um empresário, ele assinou um contrato com Barnum, e passou a ganhar cerca de 80 dólares por semana para se apresentar nos eventos. Se fôssemos trazer para a cotação atual da moeda, esses 80 dólares seriam, na verdade, 1320 dólares em 2021. Nada mal, não é mesmo?

Junto com pessoas extremamente grandes, mulheres com barba, anões e outras pessoas “especiais”, Sprague começou a ganhar a sua vida, usando a sua condição a seu favor. Durante três anos, o “Esqueleto Vivo” se apresentou no museu de Barnum, sempre atraindo grandes públicos. Mas 1868, o museu sofreu um incêndio de grandes proporções, do que Sprague só conseguiu escapar por um detalhe.

Foi aí que o rapaz decidiu que era hora de descansar um pouco. Durante a década de 1870, Sprague conheceu uma garota chamada Tamar Moore, com quem se casou e formou uma família. Seus três filhos nasceram sem nenhum problema físico, contrariando o que muitas pessoas imaginavam que iria acontecer quando ele tivesse filhos.

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Sprague e sua família. | Domínio Público

Porém, precisando de dinheiro, ele teve que deixar um pouco a família de lado e voltar para suas apresentações no circo. Junto com Barnum, Sprague rodou o mundo, se apresentando no Canadá, no Reino Unido e em outros países da Europa. Infelizmente, ele nunca foi muito bom em guardar dinheiro, e perdeu grande parte daquilo que ganhou em jogos de azar.

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Wikimedia Commons

Sua condição foi piorando conforme os anos foram passando, e em 1882, quando tinha 41 anos de idade, foi diagnosticado com uma severa atrofia muscular. Seu caso chamava muita atenção da comunidade médica da época, e por isso a Universidade de Harvard chegou a pagar mil dólares para que Sprague permitisse que os acadêmicos estudassem seu corpo após a sua morte.

Sprague morreu em 5 de janeiro de 1887, aos 46 anos de idade. Seus últimos anos, conforme alguns relatos, foram de extrema pobreza, vivendo em Chicago. Apesar de ter aceitado o dinheiro de Harvard, ninguém sabe até hoje onde foi parar o corpo do ‘Esqueleto Vivo’.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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