No domingo, 9 de fevereiro, durante o Super Bowl, um dos eventos mais assistidos do mundo, Kanye West — legalmente conhecido como Ye — protagonizou uma série de acontecimentos que chamaram a atenção nas redes sociais. Tudo começou com um comercial inusitado exibido durante o intervalo do jogo.
O rapper, de 47 anos, apareceu em um vídeo de 30 segundos gravado em um consultório dentário, usando óculos escuros e com um diálogo curto: “E aí, pessoal. Gastei todo o dinheiro do comercial nesses dentes novos. Então, mais uma vez, tive que gravar no iPhone. Hmm… acesse Yeezy.com”. A simplicidade e o tom humorístico do anúncio contrastaram com os eventos que se seguiram nas horas seguintes.
Isso acontece logo após sua polêmica aparição no Grammy (Jeff Kravitz/FilmMagic).
Enquanto o jogo acontecia, West usou sua conta no Twitter (atual X) para criticar Taylor Swift, que estava na plateia do estádio. A cantora de 35 anos apareceu na transmissão cantando junto à performance de Kendrick Lamar no intervalo, que incluiu a música “Not Like Us”, vencedora do Grammy. Em uma publicação, West questionou: “SE É SOBRE A CULTURA… POR QUE DEIXAM TAYLOR SWIFT APARECER NA TV CANTANDO UMA MÚSICA SOBRE DERRUBAR UM HOMEM NEGRO E ACUSÁ-LO DE COISAS QUE PODEM DESTRUÍR A VIDA DELE?”. A postagem gerou debates sobre o contexto da letra e a presença de Swift no evento.
Pouco depois, o artista postou uma mensagem direcionada a Elon Musk, dono da plataforma: “Estou saindo do Twitter. Agradeço ao Elon por me deixar desabafar. Foi muito catártico usar o mundo como caixa de ressonância. Foi como uma viagem de ayahuasca. Amo todos que me deram energia e atenção. Até nos conectarmos de novo. Boa tarde e boa noite”. Horas mais tarde, sua conta foi desativada, embora não haja confirmação se a ação partiu dele ou da equipe do X.
A conta dele foi desativada (Kanyewest/X).
Esse não foi o primeiro episódio polêmico de West naquela semana. Dois dias antes, em 7 de fevereiro, ele havia publicado declarações sobre Bianca Censori, sua esposa, após os dois aparecerem no tapete vermelho do Grammy com a modelo usando um vestido transparente. “Tenho domínio sobre minha esposa. Isso não é coisa de feminismo woke. Ela está com um bilionário, por que ouviria vocês, pobres inúteis?”, escreveu. Em outra postagem, afirmou: “As pessoas dizem que o visual foi decisão dela… Sim, não a forço a nada, mas ela definitivamente não faria sem minha aprovação”.
No mesmo dia, o rapper fez comentários antissemitas, declarando: “Amo Hitler. E agora, vadias?”. As publicações receberam um alerta de conteúdo sensível da moderação do X, e figuras públicas como David Schwimmer (de “Friends”) e o jornalista Piers Morgan cobraram medidas mais duras. Schwimmer destacou: “Não podemos impedir um fanático de espalhar ódio… mas PODEMOS parar de dar um megafone a ele, Sr. Musk. Kanye tem 32,7 milhões de seguidores no X — o dobro do número de judeus no mundo. Seu discurso de ódio resulta em violência real contra judeus”.
West revelou recentemente que foi diagnosticado erroneamente com bipolaridade (YouTube/Justinlaboy).
Enquanto a discussão sobre suas declarações ganhava força, West revelou em uma entrevista recente que foi diagnosticado com autismo, após anos acreditando ter transtorno bipolar. “Minha esposa me levou a um médico que trabalha com Justin Bieber e outros famosos. Ela disse: ‘Algo na sua personalidade não parece bipolar’. Descobri que é autismo, algo como o ‘Rain Man’”, explicou ao influenciador Justin Laboy. O rapper associou o diagnóstico a suas escolhas controversas: “Quando os fãs pedem um álbum de certo jeito, faço o oposto. É como usar o chapéu do Trump só porque me disseram para não usar”.
A sequência de eventos reforça o histórico de West de misturar criatividade, polêmicas e opiniões polarizadoras. Do comercial excêntrico no Super Bowl aos embates nas redes sociais, cada movimento seu gera reações imediatas, seja de apoio, crítica ou perplexidade. Enquanto isso, o debate sobre os limites da liberdade de expressão em plataformas digitais — e o papel de figuras públicas nelas — segue aquecido, especialmente em casos envolvendo discursos de ódio.
Além dos temas sociais, a revelação sobre o autismo abre espaço para discussões sobre saúde mental e neurodivergência no universo artístico. West relacionou o diagnóstico a sua teimosia em seguir caminhos opostos às expectativas, um traço que marcou sua carreira e vida pessoal. Enquanto o público aguarda seu próximo passo, uma coisa é certa: seja na música, na moda ou nas redes sociais, Ye continua a ser um dos nomes mais imprevisíveis e comentados da cultura pop.
