Em uma surpreendente demonstração de unidade nas Olimpíadas de Paris 2024, atletas da Coreia do Norte, Coreia do Sul e China compartilharam um momento emocionante no pódio após o evento de duplas mistas no tênis de mesa. O gesto capturou a atenção global, oferecendo um vislumbre de harmonia em meio às tensões contínuas na península coreana.
A equipe da China conquistou a medalha de ouro, enquanto a Coreia do Norte garantiu a prata e a Coreia do Sul levou o bronze. O que aconteceu a seguir foi inesperado: Ri Jong Sik e Kim Kum Yong, da Coreia do Norte, Shin Yu-bin, da Coreia do Sul, e Wang Chuqin e Sun Yingsha, da China, se reuniram para uma selfie em grupo, todos sorrindo juntos.
A importância desse momento não passou despercebida pelos observadores, especialmente considerando as recentes tensões entre as Coreias. No início deste ano, o líder norte-coreano Kim Jong-un havia declarado a Coreia do Sul como o “principal inimigo” de seu país, aparentemente abandonando as esperanças de reunificação pacífica.
As redes sociais rapidamente se iluminaram com reações ao gesto dos atletas. Um usuário do Twitter comentou: “Estas podem ser apenas as fotos mais significativas das @Paris2024. Coreias do Norte e do Sul se unindo, com a China, para uma selfie em grupo após as finais de duplas mistas no tênis de mesa. Um momento louvável de esportividade, amizade e paz!”
Outro usuário destacou o espírito esportivo dos atletas norte-coreanos, observando: “Que gesto fantástico dos atletas da Coreia do Norte: antes de receber a medalha de prata, eles desceram do pódio e foram expressivamente saudar os atletas da Coreia do Sul que ganharam a medalha de bronze.”
North and South Korean athletes take a selfie together at the Olympicspic.twitter.com/y1ZmWlae3u
— Massimo (@Rainmaker1973) July 31, 2024
As Olimpíadas há muito fornecem uma plataforma única para interações entre norte e sul-coreanos, apesar de as duas nações permanecerem tecnicamente em guerra. Este último gesto de boa vontade ocorre em um contexto de tensões contínuas, incluindo relatos de que a Coreia do Norte lançou pelo menos 260 balões carregando lixo no território sul-coreano.
O evento de duplas mistas no tênis de mesa exemplifica o complexo cenário geopolítico ao redor da península coreana. Enquanto momentos de unidade como essa selfie capturam a imaginação do mundo, eles coexistem com desafios contínuos nas relações internacionais.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) há muito enfatiza a importância do movimento olímpico em promover a paz e o entendimento entre as nações. Este último incidente nos Jogos de Paris fornece um exemplo tangível dessa missão em ação, mesmo que apenas por um breve momento no pódio.
A divisão das Coreias
A divisão da península coreana remonta ao fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. Após a rendição do Japão, que havia ocupado a Coreia desde 1910, as forças soviéticas assumiram o controle do norte, enquanto os Estados Unidos ocuparam o sul. Esta divisão, inicialmente considerada temporária, tornou-se permanente com o estabelecimento de governos separados em 1948: a República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte) no norte e a República da Coreia (Coreia do Sul) no sul.
As tensões entre os dois lados escalaram rapidamente, culminando na Guerra da Coreia em 25 de junho de 1950, quando forças norte-coreanas cruzaram o paralelo 38, a linha de demarcação entre as duas Coreias, invadindo o sul. O conflito envolveu não apenas as duas Coreias, mas também potências internacionais, com os Estados Unidos e seus aliados apoiando a Coreia do Sul, enquanto a China e a União Soviética apoiavam a Coreia do Norte. Após três anos de combates intensos e milhões de vítimas, um armistício foi assinado em 27 de julho de 1953, estabelecendo uma zona desmilitarizada ao longo do paralelo 38.
Desde então, as duas Coreias permanecem tecnicamente em estado de guerra, pois nunca foi assinado um tratado de paz formal. As décadas seguintes foram marcadas por períodos de tensão e confrontos ocasionais, intercalados com tentativas de diálogo e reconciliação. Apesar de alguns momentos de aproximação, como a “Política do Sol” iniciada pela Coreia do Sul nos anos 2000, as relações entre os dois países continuam instáveis, com a Coreia do Norte desenvolvendo um programa nuclear e de mísseis que tem sido fonte de preocupação internacional.