O cangue, um método de tortura e punição verdadeiramente bizarro, foi usado na China por séculos. Imagine um colar de madeira tão grande e pesado que tornava simples movimentos quase impossíveis. Esta engenhoca foi projetada para humilhar e torturar fisicamente quem a usava, geralmente um criminoso de pequeno porte ou um pária social.
O cangue, também conhecido como “canga de madeira” ou “cangue de pescoço”, era uma tábua de madeira retangular com um buraco no meio para o pescoço. Uma vez preso, o usuário não conseguia se alimentar sozinho ou mover os braços livremente. O peso variava, mas podia chegar a 10 quilos. Usar essa coisa era como ter uma sessão de exercícios interminável da qual não se podia escapar.
Essa punição não era apenas sobre a dor física. Era humilhação pública em grande escala. O usuário era desfilado pela cidade ou obrigado a ficar em um mercado movimentado. O cangue muitas vezes tinha a inscrição do crime da pessoa, então não havia como esconder o que você fez. As pessoas zombavam e xingavam, adicionando uma camada psicológica à tortura.
A duração do uso do cangue variava, muitas vezes dependendo da gravidade do crime e do capricho das autoridades locais. Alguns suportavam apenas alguns dias, enquanto outros ficavam presos na engenhoca por semanas. Alguns poucos podiam usar isso por meses. Imagine tentar dormir ou usar o banheiro com uma tábua de madeira enorme em volta do pescoço. O desconforto era incessante, transformando atividades cotidianas em uma série de tarefas hercúleas.
Viver com o cangue era um teste de resistência. O usuário dependia da bondade de estranhos ou familiares para alimentá-lo e ajudar com a higiene básica. Se ninguém ajudasse, a fome e a infecção eram riscos reais. O cangue podia esfregar o pescoço e os ombros, causando feridas e infecções. O fedor de corpos sem lavar e feridas não tratadas devia ser insuportável, adicionando mais uma camada de miséria.
Esse método de punição servia a múltiplos propósitos. Era um dissuasor, uma forma de desencorajar o crime ao fazer um exemplo do infrator. Também era uma ferramenta de controle social, mantendo a população na linha através do medo da humilhação pública. As autoridades usavam o cangue com um senso de superioridade moral, acreditando que era uma forma justa e eficaz de manter a ordem.
Embora o cangue fosse uma ferramenta popular na China imperial, não era exclusivo da região. Variações de dispositivos semelhantes apareceram em diferentes culturas, cada uma com sua própria versão do tema de humilhação pública e restrição física. No entanto, o design distinto e o uso generalizado do cangue o tornaram particularmente notório.
O uso do cangue gradualmente diminuiu à medida que a China se modernizou e as reformas legais tomaram forma. No início do século 20, já havia praticamente desaparecido, substituído por formas de punição mais “civilizadas”.