Cientistas desenterraram um detalhe verdadeiramente enojante sobre o vinho antigo que pode fazer você pensar duas vezes antes de levantar a próxima taça. Imagine saborear um vinho vintage com um ingrediente extra-especial: restos humanos. Sim, você leu certo.
Em uma surpreendente descoberta arqueológica, uma família em Carmona, na Espanha, encontrou um túmulo romano enquanto fazia reformas em casa em 2019. Essa descoberta levou pesquisadores da Universidade de Córdoba a cavar mais fundo—literalmente—e o que encontraram foi ao mesmo tempo fascinante e repugnante. Dentro do túmulo, eles descobriram uma garrafa de vinho que data do primeiro século (é o mais antigo já encontrado preservado). Inicialmente, era apenas emocionante encontrar uma garrafa tão antiga, mas o verdadeiro choque veio durante os testes químicos.
A garrafa continha vinho branco que havia se tornado marrom-avermelhado ao longo dos séculos, preservado em seu estado natural graças ao vedamento impecável do túmulo. Mas aqui é onde as coisas ficam macabras: uma análise mais aprofundada revelou que o vinho estava misturado com restos humanos cremados. José Rafael Ruiz Arrebola, um químico orgânico da Universidade de Córdoba, mal podia acreditar na descoberta. “Não esperávamos que contivesse líquido, muito menos na quantidade encontrada,” disse ele, destacando a singularidade dessa descoberta. Urnas anteriores continham apenas ossos e artefatos, não restos líquidos.
A equipe usou biomarcadores, compostos químicos específicos que atuam como impressões digitais forenses, para confirmar que a substância era realmente vinho. Entre os outros relicários no túmulo, encontraram uma urna funerária com restos de ossos cremados e um anel de ouro com a imagem do deus romano de duas faces, Jano. Isso indica o significativo valor simbólico que os romanos atribuíam a tais oferendas.
Então, qual era a história dos romanos colocarem cinzas no vinho? Acontece que, na Roma antiga, a morte tinha um significado especial, quase sagrado. As pessoas queriam ser lembradas e, de alguma forma, manter uma conexão com os vivos. Misturar vinho com cinzas humanas pode ter sido uma maneira de homenagear os falecidos ou uma prática ritualística para manter os mortos ‘vivos’ de maneira simbólica.
A descoberta não apenas ilumina os costumes peculiares da Roma antiga, mas também adiciona um novo nível de apreciação (ou repulsa) por bebidas históricas. Imagine beber uma taça de vinho, sabendo que uma vez compartilhou espaço com os últimos restos de alguém.
Então, da próxima vez que você desfrutar de uma taça de vinho, talvez reserve um momento para apreciar as conveniências modernas de bebidas limpas, livres de restos humanos.
A história do vinho
O vinho tem uma história rica e fascinante que remonta a milhares de anos. As primeiras evidências de produção de vinho foram encontradas na região do Cáucaso, onde hoje é a Geórgia, datando de cerca de 6.000 a.C. A prática de fermentação de uvas para criar uma bebida alcoólica se espalhou rapidamente pelas antigas civilizações do Oriente Médio e do Mediterrâneo. Os egípcios antigos eram conhecidos por valorizar o vinho tanto em rituais religiosos quanto em festividades, e ele frequentemente aparecia em representações artísticas e inscrições funerárias.
Na Grécia Antiga, o vinho ocupava um lugar central na vida cultural e social. Era consumido durante os simpósios, eventos sociais onde os participantes discutiam filosofia, política e arte enquanto bebiam vinho diluído com água. Os gregos também eram pioneiros na produção e no comércio de vinho, estabelecendo vinhedos em várias colônias ao longo do Mediterrâneo. Deuses como Dionísio, o deus do vinho e da festa, eram adorados, e o vinho tinha um papel importante nas cerimônias religiosas e nos mitos gregos.
Quando os romanos tomaram o controle da região mediterrânea, eles não só adotaram as práticas vinícolas dos gregos, mas também as expandiram significativamente. Os romanos aperfeiçoaram técnicas de viticultura e vinificação, introduzindo novos métodos de cultivo de videiras e produção de vinho. Eles plantaram vinhedos em toda a Europa, desde a Gália até a Hispânia e a Britânia, promovendo o vinho como uma bebida de importância tanto social quanto econômica. O legado romano na vinificação teve um impacto duradouro, influenciando as práticas e tradições que ainda são visíveis nas regiões vinícolas modernas.