Quando um jornal lança uma manchete como “Como saber se as mulheres estão mentindo para você em uma mensagem de texto”, é natural levantar uma sobrancelha. Parece suspeito, mas vamos mergulhar no estudo real que eles estão citando para ver o que está acontecendo de verdade.
O estudo da Universidade de Cornell, compartilhado no arXiv, investiga como as pessoas mentem em mensagens de texto. Eles usaram um enorme banco de dados de mensagens de um sistema de mensagens Android, com uma mistura de homens e mulheres, estudantes e não-estudantes. Pesquisas anteriores com amostras menores sugeriram que os mentirosos usam mais pronomes pessoais e linguagem vaga. Este novo estudo visa ampliar essa compreensão.
Na análise, os pesquisadores começaram com 1.703 conversas, mas reduziram para 351 que continham mentiras. Aqui está a parte interessante: tanto homens quanto mulheres usam frases mais longas quando estão mentindo. As frases das mulheres ficam 13% mais longas, enquanto as dos homens se estendem por meros 2%. Então, as mulheres podem ser um pouco mais verbosas ao contar uma mentira.
Quando se trata de palavras autocentradas como “eu” e “meu”, ambos os gêneros mostram um ligeiro aumento ao mentir. Eles também usam mais frases não comprometedoras, como “provavelmente” e “talvez”. Basicamente, se alguém está se esquivando muito nas mensagens, pode estar te enganando.
Estudantes e não-estudantes mentem de maneiras diferentes. Frases enganosas de estudantes são 25% mais longas que as verdadeiras. Não-estudantes? Suas mentiras mal registram uma mudança, com apenas 0,12% mais longas. O que está acontecendo? Ninguém sabe ao certo, mas é uma curiosidade interessante.
Frases não comprometedoras são um indicativo comum. Não-estudantes aumentam o uso dessas palavras em 18% quando mentem. Estudantes, por outro lado, aumentam em 111 %. Parece que eles estão cobrindo seus rastros com muitos “talvez” e “provavelmente” quando estão sendo desonestos.
Então, sim, as mulheres usam frases mais longas e palavras não comprometedoras quando mentem via texto – mas os homens também. A descoberta mais destacada? Estudantes têm um padrão de mentir muito diferente comparado aos não-estudantes.
Por que certas manchetes focam em como as mulheres mentem? Parece que estão empurrando uma narrativa específica. Por enquanto, vamos deixar a especulação de lado e nos ater aos fatos: todo mundo fica um pouco mais prolixo e evasivo quando não está dizendo a verdade, e os estudantes estão em uma liga própria quando se trata de mentir em mensagens de texto.
A psicologia da mentira
Mentir é uma habilidade social complexa que todos nós dominamos, seja para evitar problemas, proteger os sentimentos de alguém ou até mesmo para obter vantagens. Embora seja amplamente condenada, a mentira está profundamente enraizada na natureza humana e desempenha um papel significativo nas interações diárias. A capacidade de mentir efetivamente pode depender de vários fatores, incluindo o contexto, a relação com a pessoa enganada e até a capacidade individual de controlar expressões faciais e corporais.
A psicologia das mentiras revela que, apesar das diferenças individuais, há padrões comuns que podem ser observados. Pessoas tendem a evitar detalhes específicos e preferem usar generalizações para manter suas histórias consistentes. Além disso, mentirosos frequentemente monitoram a reação do interlocutor para ajustar suas mentiras conforme necessário. Este comportamento adaptativo torna a detecção da mentira um desafio constante para especialistas e leigos.
Tecnologias emergentes, como análise de linguagem natural e inteligência artificial, estão começando a oferecer novas ferramentas para detectar mentiras. Esses sistemas podem identificar inconsistências e padrões de fala que indicam falsidade com maior precisão do que os métodos tradicionais. No entanto, a ética do uso dessas tecnologias levanta questões importantes sobre privacidade e confiança, já que a capacidade de detectar mentiras pode ser usada tanto para proteger quanto para controlar indivíduos.