A Real Academia Espanhola (RAE) define a alma como a substância espiritual e imortal dos seres humanos em algumas religiões e culturas. No entanto, a ciência ainda não confirmou se a alma existe, muito menos do que ela é feita. Ainda assim, muitas crenças religiosas alimentaram perguntas: a alma tem uma forma? E aqui está a grande questão – ela pesa alguma coisa? São realmente 21 gramas?
Esse mito das 21 gramas vem de uma história antiga que envolve um médico chamado Duncan MacDougall. Esse homem estava obcecado com a ideia da alma. Ele imaginou que, se os humanos têm almas, essas almas devem ocupar espaço. E se ocupam espaço, devem pesar algo, certo?
A brilhante ideia de MacDougall foi pesar pessoas enquanto morriam para ver se havia alguma mudança de peso no exato momento da morte. Em 1907, ele publicou suas descobertas e, assim, nasceu a lenda da alma de 21 gramas.
Então, como ele fez isso? MacDougall começou seus experimentos macabros com pacientes terminais de tuberculose, uma doença que, naquela época, não tinha cura e muitas vezes levava a uma morte lenta e silenciosa – perfeito para seus propósitos. Ele instalou uma balança nas camas desses pobres pacientes e esperou.
O primeiro paciente bateu as botas em 10 de abril de 1901, e MacDougall notou uma súbita queda de peso de 0,75 onças (21,2 gramas). Voilà! O mito nasceu. Pouco importava que pacientes subsequentes perdessem diferentes quantidades de peso – um perdeu 0,5 onças (14 gramas) 15 minutos após a morte, outro perdeu 0,5 onças e depois uma onça inteira (28,3 gramas) um minuto depois. A inconsistência não pareceu incomodar MacDougall ou aqueles que perpetuaram o mito.
MacDougall sabia que suas descobertas estavam por toda parte. Ele reconheceu que mais testes eram necessários e que seus resultados não eram exatamente sólidos. Ele especulou sobre o que poderia causar essas mudanças de peso: evaporação da umidade da pele, ou talvez até eliminações urinárias e fecais. No entanto, nenhuma dessas explicações realmente se sustentou.
Respiração também não era o motivo. MacDougall testou isso deitando na balança ele mesmo e notou que respirar não tinha efeito no peso. Então, e outros animais? MacDougall decidiu experimentar com cães, esperando resultados diferentes, já que ele não acreditava que os cães tinham almas. Adivinha só? Nenhuma perda de peso nos cães quando morreram.
Apesar de seus esforços, ninguém confirmou as descobertas de MacDougall desde então. Tudo isso permanece uma nota peculiar nos anais da pseudociência. As 21 gramas da alma? Apenas mais uma história misteriosa sem respaldo científico.
Mas vamos ser sinceros. A ideia do peso da alma persistiu na cultura popular, em parte graças a filmes como “21 Gramas”, de Alejandro González Iñárritu, que dramatiza esse mito. É uma noção legal, embora assustadora, que a essência do nosso ser possa ter uma medida quantificável.