O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, fez uma declaração que chamou atenção durante a inauguração de uma fábrica de munições no município de Unterlüß, na Alemanha. Segundo ele, Rússia e China vêm expandindo suas forças militares em um ritmo acelerado e em grande escala, o que indicaria uma preparação para um confronto duradouro com a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
Rutte ressaltou que o reforço das capacidades militares dessas duas potências não deixa dúvidas sobre a direção escolhida: um cenário de rivalidade contínua com a Otan. Diante dessa perspectiva, o líder do bloco voltou a defender que os 32 países membros aumentem os investimentos em defesa e fortaleçam suas indústrias militares, consideradas vitais para a manutenção do equilíbrio de forças.
A guerra na Ucrânia e o esgotamento dos arsenais
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Otan se consolidou como uma das principais fontes de apoio militar ao governo de Volodymyr Zelensky. No entanto, o conflito, que já ultrapassa três anos de duração, revelou fragilidades dentro da própria aliança. Muitos dos arsenais dos países membros se encontram em níveis críticos devido ao envio constante de munições e equipamentos ao campo de batalha.
Em maio, o próprio Rutte reconheceu publicamente que a Rússia possui uma produção de munições mais robusta do que a soma das capacidades da aliança. Essa diferença é vista como uma das razões para a vantagem russa em diversas frentes de combate.
Diante desse cenário, os países da Otan decidiram elevar os gastos militares. Ficou estabelecido que 5% do Produto Interno Bruto de cada nação será destinado ao setor de defesa. A medida também foi impulsionada por pressões vindas de Washington, especialmente do presidente norte-americano.
A influência dos Estados Unidos e a corrida armamentista
A liderança dos Estados Unidos dentro da Otan é um dos pilares da aliança. Contudo, a relação já foi colocada em xeque quando Donald Trump, ainda antes de assumir a presidência, ameaçou retirar o país do bloco caso os aliados não aumentassem seus investimentos militares. Essa possibilidade gerou apreensão entre os membros, uma vez que boa parte dos recursos que sustentam a organização vem dos norte-americanos.
A eventual diminuição do apoio de Washington à Ucrânia acelerou a corrida armamentista no continente europeu. Diversos países passaram a reforçar seus estoques e ampliar suas fábricas de armamentos, temendo que uma eventual derrota ucraniana pudesse abrir caminho para novas ameaças diretas aos territórios da Otan.
Exercícios militares conjuntos entre Rússia e China
No mesmo dia em que Rutte fez seu pronunciamento, Rússia e China concluíram um exercício naval conjunto na região da Ásia-Pacífico. De acordo com informações da Marinha russa, a operação envolveu navios e submarinos de guerra das duas nações, reforçando a cooperação estratégica entre Moscou e Pequim.
A patrulha conjunta é vista como mais um sinal da aproximação militar entre os dois países, que buscam consolidar sua presença em uma área considerada estratégica tanto econômica quanto geopoliticamente.