Depois de dias de silêncio, passados longe dos olhos do público – relatos sugeriam em um bunker, reflexo das tensões escaladas com Israel e Estados Unidos –, o Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, voltou à cena. E sua mensagem, transmitida diretamente pelas redes sociais e confirmada em aparição televisiva, foi clara e triunfante: o Irã venceu.
Khamenei utilizou sua conta no Twitter no dia 26 de junho para fazer declarações contundentes. Ele parabenizou o “querido Irã” pela vitória sobre o que chamou de “regime dos EUA”. Segundo o líder, os Estados Unidos teriam entrado diretamente no conflito porque temiam a “destruição completa” de Israel, seu aliado regional. Mas, apesar dessa intervenção, Khamenei afirmou que os americanos “não alcançaram nada”.
A declaração de vitória veio acompanhada de uma alegação específica de retaliação. Khamenei afirmou que a República Islâmica deu um “pesado tapa no rosto dos EUA” ao atacar e causar danos à Base Aérea de Al-Udeid, no Catar.
Esse ataque, ocorrido no dia 23 de junho, foi apresentado como resposta direta a um ataque americano anterior a instalações nucleares iranianas, realizado na noite de 21 de junho. Fontes internacionais relataram que o ataque iraniano a Al-Udeid não causou vítimas.
O alvo principal da fúria verbal de Khamenei, no entanto, foram as afirmações do presidente americano, Donald Trump. Em sua aparição televisiva, o Líder Supremo iraniano classificou os comentários de Trump sobre o ataque americano de 21 de junho como “exagerados de forma incomum”. Ele foi além, afirmando categoricamente que a operação militar americana, batizada de “Martelo da Meia-Noite”, simplesmente “fracassou em alcançar qualquer coisa significativa”.
Essa negação contundente por parte do Irã ecoou relatos que começaram a circular logo após o ataque americano. A rede CNN, por exemplo, afirmou ter obtido uma avaliação preliminar da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA) indicando que o estoque de urânio enriquecido do Irã – o suposto alvo principal – não teria sido destruído. Essa informação colocava em xeque as declarações triunfalistas de Trump.
My congratulations on our dear Iran’s victory over the US regime. The US regime entered the war directly because it felt that if it didn’t, the Zionist regime would be completely destroyed. It entered the war in an effort to save that regime but achieved nothing.
— Khamenei.ir (@khamenei_ir) June 26, 2025
A reação do presidente americano foi imediata e furiosa. Ele utilizou sua plataforma Truth Social para atacar veementemente a CNN e o New York Times, acusando-os de disseminar “notícias falsas” em uma tentativa de “diminuir um dos ataques militares mais bem-sucedidos da história”. Trump insistiu: “OS SÍTIOS NUCLEARES NO IRÃ ESTÃO COMPLETAMENTE DESTRUÍDOS!”. Ele alegou que ambas as publicações estavam sendo criticadas pelo público.
A Casa Branca, através de sua secretária de imprensa, Karoline Leavitt, reforçou a posição de Trump. Leavitt qualificou os relatos baseados na avaliação da DIA como “completamente errados”.
Ela acusou o vazamento da informação de ser uma tentativa clara de “diminuir o presidente Trump” e desacreditar os pilotos que executaram a missão. Leavitt foi enfática ao descrever o resultado: “Todos sabem o que acontece quando você lança catorze bombas de 13.600 quilos perfeitamente sobre seus alvos: obliteração total”.
O cenário que emerge, portanto, é de narrativas diametralmente opostas. De um lado, o Líder Supremo do Irã, emergindo de seu refúgio, proclamando vitória estratégica e desprezando o impacto militar americano como um fracasso exagerado.
Do outro, o presidente dos Estados Unidos e sua equipe, sustentando com veemência que seu ataque foi um sucesso absoluto e devastador, capaz de destruir completamente o programa nuclear iraniano.
Enquanto o mundo observa, a verdade sobre o que realmente aconteceu nas instalações nucleares do Irã na noite de 21 de junho permanece envolta nas brumas da guerra de informações e nas avaliações conflitantes de inteligência.