Por que não há corpos no local dos destroços do Titanic, segundo explicação da teoria da sala de máquinas selada Por que não há corpos no local dos destroços do Titanic, segundo explicação da teoria da sala de máquinas selada

por Lucas Rabello
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Mais de um século após seu trágico naufrágio em 1912, o RMS Titanic continua a exercer um fascínio poderoso. Repousando a impressionantes 3.800 metros de profundidade no Oceano Atlântico Norte, o lendário transatlântico é um ícone da história e um desafio permanente para exploradores e cientistas. Apesar do tempo decorrido, alcançar seus destroços permanece uma conquista rara e perigosa.

Desde sua descoberta em 1985 por Robert Ballard, menos de 250 pessoas conseguiram realizar a complexa e arriscada jornada até o local do naufrágio.

Entre eles, o cineasta James Cameron se destaca, tendo completado nada menos que 33 mergulhos até o Titanic, impulsionado pela mesma paixão que o levou a criar seu famoso filme. No entanto, a exploração dessas profundezas extremas carrega riscos imensos, como evidenciado por um evento recente e chocante.

Em junho de 2023, a empresa OceanGate capturou as manchetes mundiais de forma trágica. Seu submersível experimental, chamado Titan, sofreu uma implosão catastrófica durante uma expedição ao Titanic. A pressão colossal da água, equivalente a centenas de vezes a pressão atmosférica ao nível do mar, esmagou instantaneamente a embarcação.

O Titanic afundou em 1912.

O Titanic afundou em 1912.

Todos os cinco ocupantes perderam as vidas: Stockton Rush, CEO da OceanGate; Shahzada Dawood, um empresário britânico-paquistanês de 48 anos, e seu filho Suleman, de apenas 19 anos; o empresário britânico e aventureiro Hamish Harding, de 58 anos; e o experiente mergulhador francês e ex-oficial da marinha Paul-Henri Nargeolet, de 77 anos, que havia realizado inúmeras visitas ao local. Um detalhe que chamou atenção foi o uso de um controle de videogame Logitech F710 para operar o submersível.

O desastre da OceanGate gerou intenso escrutínio e discussão sobre a segurança e os regulamentos da exploração de águas profundas. Recentemente, a Netflix lançou o documentário “Titan: O Desastre do Submersível da OceanGate”, que rapidamente alcançou o topo da plataforma. O filme apresenta entrevistas exclusivas com figuras-chave envolvidas no desenvolvimento do Titan, detalhando sua concepção controversa, a expedição fatal e suas consequências.

Enquanto o mundo reflete sobre os perigos da exploração moderna, um mistério persistente envolve o próprio Titanic: o paradeiro dos corpos das mais de 1.500 vítimas do naufrágio. Apesar das décadas de monitoramento e mapeamento por empresas especializadas, *nenhum* resto humano foi encontrado nas áreas acessíveis do local. Isso parece surpreendente dada a magnitude da perda de vidas.

Especialistas oferecem explicações científicas. James Cameron, com sua vasta experiência no local, afirmou claramente: “Eu nunca vi restos humanos… vemos pares de sapatos, o que sugere fortemente que um corpo estava ali em algum momento, mas nunca o corpo em si”.

A profundidade extrema é um fator crucial. O Titanic repousa abaixo do que é conhecido como a “profundidade de compensação do carbonato de cálcio”. Como Robert Ballard, o descobridor do navio, explicou: “A água no mar profundo está sub-saturada em carbonato de cálcio, que é, basicamente, do que os ossos são feitos”. Ele detalhou: “No Titanic e no Bismarck, por exemplo, esses navios estão abaixo dessa profundidade crítica.

Então, uma vez que os organismos do fundo consomem os tecidos moles e expõem os ossos, os ossos simplesmente se dissolvem”. Bactérias especializadas também aceleram a decomposição da matéria orgânica nesse ambiente hostil.

No entanto, Ballard levantou uma hipótese intrigante em 2012: “Eu não ficaria surpreso se corpos altamente preservados fossem encontrados na sala de máquinas. Essa área ficava bem no interior do navio”.

Quando questionado sobre quantos corpos poderiam permanecer, ele estimou: “Dezenas. Centenas começa a parecer desconfortável. Sei que muitos chegaram ao fundo, porque há tantos sapatos”. Esta teoria ganhou atenção popular através de vídeos de simulação, como os criados pelo canal Zack D Films.

Por que a sala de máquinas seria um possível santuário? O Titanic partiu-se em duas seções principais durante o naufrágio. A popa, que abrigava a imensa sala de máquinas, sofreu uma implosão violenta ao afundar, colapsando sobre si mesma e ficando profundamente enterrada no leito oceânico.

Esse colapso e o consequente soterramento sob sedimentos ao longo dos anos criaram uma área de acesso extremamente difícil. Além disso, o navio foi projetado com anteparas e portas estanques destinadas a conter inundações. É possível que algumas dessas portas maciças tenham se fechado durante o desastre, selando compartimentos como a sala de máquinas, criando um ambiente potencialmente mais protegido da ação direta da corrente e dos organismos decompositores.

Essa combinação de fatores – o colapso estrutural da popa, o soterramento, as portas estanques fechadas e a dificuldade técnica extrema de acessar esse compartimento específico a 3.800 metros de profundidade – torna a exploração da sala de máquinas um desafio quase intransponível com a tecnologia atual.

Mesmo mapeamentos de alta resolução realizados após a declaração de Ballard não revelaram evidências de restos esqueléticos. O que encontramos são artefatos silenciosos e perturbadores: sapatos emparelhados, relógios parados no tempo, uma cabeça de boneca infantil – testemunhas mudas da tragédia que repousam no leito gelado do Atlântico Norte, guardando seus segredos mais íntimos nas partes inacessíveis do gigante de aço.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.
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