Imagine a cena: duas pessoas presas em celas separadas, sem qualquer contato físico permitido. Agora, imagine que essas duas pessoas, contra todas as probabilidades, conseguiram ter um filho juntos. Parece roteiro de filme? Mas é uma história real, e aconteceu no Centro Correcional Turner Guilford Knight, em West Miami-Dade, EUA.
Os protagonistas dessa narrativa improvável são Daisy Link e Joan Depaz. Daisy está detida desde 2022, condenada por assassinato em segundo grau. Joan Depaz também cumpre pena por acusações de assassinato. Ambos estavam isolados do mundo exterior, mas não completamente isolados um do outro.
A comunicação começou de forma inusitada: através das aberturas do sistema de ar condicionado que conectavam as celas. Daisy Link relatou à emissora WSVN que era possível “bater” nos dutos e “ouvir as pessoas de diferentes andares”.

Daisy Link ficou grávida enquanto estava na prisão (Miami-Dade Corrections).
Na solidão do confinamento solitário, aquelas conversas através das grades de ventilação se tornaram uma tábua de salvação. Ela e Depaz passavam horas e horas conversando todas as noites. A conexão era tão intensa que, nas palavras de Daisy, parecia que estavam “no mesmo quarto”.
A relação evoluiu. Além das vozes ecoando pelos dutos, começaram a trocar cartas. Como? Usando cordas improvisadas feitas de lençóis, conseguiam enviar pequenos objetos e mensagens através do labirinto de ventilação. Foi nesse contexto de intimidade construída à distância que surgiu um desejo improvável: ter um filho.
Joan Depaz confessou que sempre teve um forte desejo de ser pai. Sabendo que sua sentença o manteria atrás das grades por muito tempo, viu naquela conexão única com Daisy uma possibilidade remota. Ele propôs a ideia: será que poderiam tentar?
Aqui entra a parte verdadeiramente extraordinária – e que exigiu uma dose enorme de engenhosidade. Como conceber um filho sem nunca estar no mesmo espaço físico? Eles arquitetaram um plano meticuloso, utilizando o único canal que tinham: o sistema de ventilação.
Joan Depaz está na prisão acusado de homicídio em primeiro grau (Miami-Dade Corrections).
Depaz coletou seu sêmen, colocando-o dentro de pequenos pedaços de plástico. Ele fez isso repetidamente, dia após dia. Daisy Link contou que ele fazia isso “todo dia, umas cinco vezes ao dia, por cerca de um mês seguido”. O material era cuidadosamente enrolado “quase como um cigarro”.
Esses pequenos pacotes eram então presos à linha de lençóis e enviados através das aberturas do duto de ar até a cela de Daisy. Do outro lado, Daisy Link preparava o recebimento. Ela usou aplicadores de tratamento vaginal, do tipo usado para cremes ginecológicos. Recolhia o material enviado por Depaz, colocava-o dentro desses aplicadores e então os utilizava para inserir o sêmen em seu próprio corpo.
Contra todas as expectativas, o improvável aconteceu. Daisy Link engravidou. O fato de terem conseguido sem qualquer contato físico direto deixou muitos perplexos, questionando a viabilidade biológica.
How two inmates in separate cells managed to conceive a child without ever meeting.
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— Massimo (@Rainmaker1973) June 11, 2025
No entanto, o Dr. Fernando Akerman, diretor médico do Fertility Center of Miami, confirmou que, embora altamente improvável, o método utilizado teoricamente poderia funcionar. Ele explicou que as chances de sucesso eram extremamente baixas, provavelmente inferiores a cinco por cento.
A viabilidade do sêmen diminui rapidamente fora do corpo, e o método de transferência era rudimentar. Mesmo assim, o Dr. Akerman afirmou que as chances não eram zero. Ele classificou o caso como “excessivamente incomum”, declarando nunca ter ouvido ou lido sobre algo semelhante antes.
O caso, inicialmente detalhado em uma simulação compartilhada nas redes sociais, chocou o público e levantou questões complexas sobre o sistema prisional, a resiliência humana e os limites do desejo. A história de Daisy Link e Joan Depaz permanece como um testemunho singular da capacidade humana de encontrar caminhos inimagináveis, mesmo nas circunstâncias mais restritivas.