Imagine descobrir que a professora do seu filho tem uma vida secreta na internet, compartilhando fotos ousadas em uma plataforma para adultos. Foi exatamente isso que aconteceu em uma escola de Glasgow, na Escócia, envolvendo Kirsty Buchan, uma professora de 34 anos. A história, contada pela própria, revela conflitos entre vida pessoal, necessidade financeira e as rígidas regras do magistério.
Tudo começou quando estudantes da Bannerman High School, onde Kirsty lecionava, encontraram seu perfil no OnlyFans. A plataforma, conhecida por permitir que criadores compartilhem conteúdo exclusivo mediante pagamento, abrigava as postagens de Kirsty.
A professora de Glasgow disse que tem recebido apoio desde que foi demitida (Kirsty Buchan).
Ela usava o pseudônimo “Jessica Jackrabbit” e se descrevia como uma “boa professora que ficou rebelde”. As imagens, incluindo poses em lingerie, circulavam entre os alunos e rapidamente chegaram ao conhecimento do diretor da escola, Seonaidh Black.
O impacto foi imediato. Kirsty Buchan perdeu seu emprego como professora. Os pais de alunos consideraram o conteúdo completamente inapropriado para alguém em sua posição, gerando um grande alvoroço na comunidade escolar.
Em entrevista ao programa de TV britânico “Good Morning Britain”, Kirsty explicou sua decisão. Ela se apresentou como uma mãe solteira que enfrentava sérias dificuldades financeiras enquanto sustentava o filho adolescente e lidava com problemas de saúde na família, incluindo a mãe e o próprio filho.
Segundo ela, o salário de professora era insuficiente para cobrir todas as despesas. A solução encontrada foi o OnlyFans. Kirsty afirmou que conversou com o filho, então com 14 anos, antes de criar o perfil, garantindo-lhe que usaria um nome falso para proteger sua identidade.
Os resultados financeiros foram significativos: em um único mês, Kirsty disse ter ganhado cerca de 60 mil libras esterlinas (aproximadamente 400 mil reais na época). Um valor que, segundo ela, transformou sua situação financeira.
Kirsty Buchan disse que iria assumir total responsabilidade por suas ações e que conhecia os riscos (ITV).
Quando questionada se temia ser descoberta, Kirsty admitiu que subestimou os riscos. “Eu não pensei que seria pega”, disse. “Muitas pessoas fingem ser professores no site. Eu não pensei que ficaria famosa.” Ela reconheceu, no entanto, a necessidade de assumir a responsabilidade por suas ações: “Todos nós precisamos assumir a responsabilidade, claro que eu conhecia os riscos envolvidos.”
Apesar da demissão após uma audiência disciplinar em 2022 – da qual Kirsty não participou –, ela relatou ter recebido uma onda de apoio. Mensagens positivas vieram de antigos colegas de trabalho e até mesmo de ex-alunos. Kirsty destacou o trabalho árduo para construir relações de respeito na escola.
Para ela, o episódio acabou se tornando, involuntariamente, uma lição prática sobre os perigos da exposição online: “O que eu ensinei é que suas fotos podem vazar por aí”, comentou, ressaltando que não estava incentivando tal comportamento, apenas relatando sua experiência extrema para conseguir renda extra.
Kirsty Buchan enfatizou o esforço que fez para se tornar professora – frequentar a universidade, trabalhar em dois empregos enquanto criava o filho sozinha – e reforçou que a decisão de entrar no OnlyFans foi puramente financeira: “Sou mãe, no final das contas, meu filho vem em primeiro lugar, pagar minhas contas vem em primeiro lugar”.
O caso expõe o conflito permanente entre as escolhas pessoais de um indivíduo fora do horário de trabalho e as expectativas sociais e profissionais associadas a certas carreiras, especialmente aquelas que envolvem a educação de jovens.