Enfermeira de cuidados paliativos diz que há um movimento que as pessoas frequentemente fazem e que significa que estão perto da morte Enfermeira de cuidados paliativos diz que há um movimento que as pessoas frequentemente fazem e que significa que estão perto da morte

por Lucas Rabello
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Em hospitais e unidades de cuidados paliativos, profissionais de saúde presenciam momentos que desafiam a compreensão humana. Entre eles, um gesto intrigante se repete: muitos pacientes, próximos da morte, levantam os braços em direção ao alto, como se tentassem alcançar algo invisível aos olhos de quem os acompanha. Esse movimento, muitas vezes suave e cheio de serenidade, intriga tanto familiares quanto especialistas.

Katie Duncan, enfermeira e mentora especializada em cuidados no fim da vida, dedica sua carreira a entender e humanizar esse momento. Com experiência em UTIs, hospitais e atendimento domiciliar, ela observou um padrão recorrente: pacientes em fase terminal estendem as mãos para o alto, seja em direção ao teto, ao céu ou a um ponto específico no ambiente.

Katie Duncan revelou que frequentemente vê seus pacientes 'estendendo' os braços para o alto quando estão próximos da morte (TikTok/@death.care.coach)

Katie Duncan revelou que frequentemente vê seus pacientes ‘estendendo’ os braços para o alto quando estão próximos da morte (TikTok/@death.care.coach)

“Parece que estão tentando tocar algo ou alguém”, explica Katie, que atua no estado de Maryland, nos Estados Unidos. A profissional, que se descreve como uma “guia para o conforto no fim da vida”, compartilha suas observações para ajudar as pessoas a encarar a morte com menos medo e mais tranquilidade.

Mas o que está por trás desse gesto? Ainda não há respostas científicas definitivas, mas Katie relata que, em muitos casos, o movimento coincide com relatos de visões. Pacientes mencionam ver parentes falecidos, animais de estimação que já partiram ou até luzes intensas.

“É comum ouvirmos frases como ‘estou vendo minha mãe’ ou ‘tem um anjo aqui’ minutos antes do gesto de estender os braços”, detalha a enfermeira em um de seus vídeos no TikTok. Em outras situações, porém, o silêncio acompanha o movimento, deixando a interpretação a cargo de quem presencia o momento.

As reações nas redes sociais mostram como o fenômeno toca as pessoas. Em comentários, familiares descrevem casos emocionantes: um homem que, horas antes de morrer, ergueu os braços com uma força surpreendente, já que estava debilitado há semanas; outro que sorriu ao estender a mão, como se reconhecesse alguém. “Meu pai não falava há dias, mas, naquele instante, seus olhos se iluminaram”, relatou uma seguidora.

Katie ressalta que, embora o gesto possa parecer assustador para quem não conhece o contexto, ele raramente está associado a dor ou agonia. Pelo contrário: muitos pacientes demonstram calma, como se aquele movimento trouxesse alívio. “É como se estivessem se preparando para uma transição, conectados a algo que só eles percebem”, reflete.

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Essas experiências, embora envoltas em mistério, reforçam a importância do respeito aos rituais individuais do fim da vida. Profissionais como Katie incentivam que familiares permitam que o paciente vivencie esse momento sem interrupções, mantendo um ambiente tranquilo. “Aquietar-se e observar pode ser a melhor forma de honrar esse processo”, sugere.

Nas plataformas digitais, histórias similares se multiplicam. Um usuário descreveu o avô acamado, que, em seus últimos instantes, ergueu as mãos e sussurrou o nome da esposa, falecida décadas antes. Outra lembrou a cena da avó sorrindo enquanto balbuciava: “Está tudo tão bonito”. Para muitos, essas narrativas trazem conforto, sugerindo que a despedida pode ser mais suave do que se imagina.

Enquanto a ciência busca explicações, o relato de profissionais como Katie Duncan oferece um olhar sensível sobre um momento tão delicado. Seja qual for a origem do gesto — uma reação neurológica, uma manifestação espiritual ou algo ainda desconhecido —, ele permanece como um dos aspectos mais fascinantes e emocionais da jornada humana.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.