Simulação chocante mostra o que acontece com seu corpo ao ficar 36 horas em jejum e o impacto extremo Simulação chocante mostra o que acontece com seu corpo ao ficar 36 horas em jejum e o impacto extremo

por Lucas Rabello
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Um vídeo que simula os efeitos de um jejum de 36 horas no organismo está chamando atenção nas redes sociais, gerando debates acalorados. Enquanto alguns defendem a prática como uma ferramenta para saúde, especialistas alertam: os resultados podem não ser tão simples quanto parecem.

O jejum intermitente ganhou popularidade nos últimos anos, seja por motivos religiosos, como o Ramadã, seja pela busca de benefícios como perda de peso, melhoria da função cerebral ou controle do açúcar no sangue. Mas o que realmente acontece no corpo quando ficamos sem comer por mais de um dia? E por que a comunidade científica ainda não chegou a um consenso sobre seus riscos e vantagens?

As Primeiras Horas: Uma Reação em Cadeia

Nos primeiros 240 minutos (4 horas) sem alimento, o corpo finaliza a digestão e entra na chamada fase catabólica. Nesse estágio, moléculas de energia armazenadas, como glicogênio, começam a ser quebradas para abastecer as células. É como se o organismo recorresse a um “estoque de emergência” para manter o funcionamento básico.

Ao atingir 8 horas de jejum, os níveis de glicose no sangue caem, e o corpo passa a usar o glicogênio acumulado no fígado como principal fonte energética. Essa transição é crucial: se o jejum continuar, o próximo passo envolve uma mudança mais radical no metabolismo.

12 a 16 Horas: O Corpo Entra em Modo “Economia”

Após meio dia sem comer, o fígado inicia a quebra de gordura em ácidos graxos, produzindo corpos cetônicos — um processo conhecido como cetose. Essas moléculas substituem a glicose como combustível, o que, segundo alguns estudos, pode favorecer a redução de peso e melhorar a sensibilidade à insulina.

Às 16 horas, um mecanismo fascinante chamado autofagia entra em ação. Imagine células fazendo uma “limpeza interna”: partes danificadas ou desgastadas são recicladas, dando espaço a componentes novos e funcionais. Esse fenômeno, associado à prevenção de doenças degenerativas, é amplificado por exercícios físicos, que estimulam a renovação celular.

24 a 36 Horas: Regeneração ou Risco?

Um dia inteiro sem alimento marca o início de reparos celulares mais profundos. A inflamação corporal diminui, e a queima de gordura se intensifica. Já nas 30 horas, ocorre um pico na produção do hormônio do crescimento, essencial para preservar massa muscular e acelerar a perda de gordura.

Ao completar 36 horas, o corpo atinge o ápice da autofagia, potencializando a regeneração de tecidos e o aumento do metabolismo. Alguns entusiastas estendem o jejum até 72 horas, buscando um “reinício completo” do organismo. No entanto, é aqui que os especialistas dividem opiniões.

A Ciência por Trás da Polêmica

Enquanto defensores como Mark Mattson, neurocientista da Universidade Johns Hopkins, destacam benefícios como proteção contra diabetes, doenças cardíacas e até câncer, outros pesquisadores pedem cautela. James Betts, professor de fisiologia metabólica, lembra que muitos estudos sobre cetose foram feitos em animais, e os resultados em humanos ainda são inconclusivos.

Além disso, o jejum prolongado não é isento de riscos. Jejuar por mais de 16 horas diárias aumenta a probabilidade de desenvolver cálculos biliares, segundo o Instituto Nacional de Saúde dos EUA. Outros efeitos colaterais comuns incluem fome intensa, irritabilidade, problemas digestivos e alterações de humor.

Para Quem o Jejum é Adequado?

A resposta varia conforme o indivíduo. Pessoas com diabetes, gestantes, idosos ou quem tem histórico de distúrbios alimentares devem evitar a prática. Mesmo para adultos saudáveis, médicos recomendam acompanhamento profissional, principalmente em jejuns superiores a 24 horas.

Um ponto é consenso: o corpo humano é adaptável, mas reage de forma única a cada situação. Enquanto alguns relatam mais disposição e clareza mental durante o jejum, outros enfrentam tonturas, fraqueza ou dificuldade de concentração.

O Debate que Vai Além da Moda

A popularidade do jejum intermitente reflete uma busca por métodos naturais de saúde, mas também revela a complexidade da biologia humana. A falta de pesquisas de longo prazo e a diversidade de respostas corporais mantêm a discussão aberta.

Para quem deseja experimentar, a dica é começar com períodos curtos, como 12 horas, e observar as reações do organismo. Hidratação e alimentação equilibrada nos períodos de consumo calórico são fundamentais para minimizar riscos.

Enquanto a ciência avança, uma coisa é certa: entender os próprios limites e buscar orientação qualificada são passos essenciais antes de embarcar em qualquer mudança radical de hábitos.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.