Na última terça-feira (20 de maio), Matthew Lee Johnson, de 41 anos, foi executado por injeção letal no Texas, encerrando um caso que chocou o estado há mais de uma década. O crime ocorreu em 2012, quando Johnson atacou Nancy Harris, uma avó de 76 anos que trabalhava em uma loja de conveniência.
Durante um assalto, ele derramou fluido de isqueiro sobre ela e ateou fogo, fugindo em seguida. Harris foi levada às pressas para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu poucas horas depois.
Johnson foi preso pouco depois do ocorrido e confessou o crime, mas alegou que não tinha intenção de ferir a vítima. Segundo ele, o fluido seria apenas uma forma de intimidá-la para que abrisse o caixa. Em depoimentos, o homem afirmou estar sob efeito de drogas no momento do ataque. Durante o julgamento, em 2013, ele se descreveu como “o pior tipo de pessoa” e admitiu ter causado a morte de uma “mulher inocente”.
Treze anos após o crime, o condenado teve sua última chance de se dirigir à família de Nancy. Na sala de execução, com parentes da vítima observando por um vidro a poucos metros de distância, Johnson fez um apelo emocionado:
“Enquanto olho para cada um de vocês, consigo vê-la naquele dia. Por favor, peço perdão. Nunca quis machucá-la”. Ele também expressou o desejo de reencontrar Harris após a morte: “Rezo para que ela seja a primeira pessoa que eu veja quando abrir os olhos e passar a eternidade com ela”.
Além de se dirigir à família da vítima, Johnson usou seus momentos finais para pedir desculpas à própria esposa e filhas. “Saibam que não foi nada que vocês fizeram. Tomei decisões erradas e agora pago as consequências”, disse. O condenado ainda agradeceu aos funcionários da prisão por tratá-lo “com respeito” e mencionou sua fé: “Agradeço ao Senhor pelos últimos 13 anos. Ele me deu a chance de pedir perdão e aceitar sua redenção”.
Ao longo da década em que permaneceu no corredor da morte, Johnson tentou recorrer da sentença diversas vezes, mas todos os pedidos foram negados pela Justiça. Em suas declarações durante o julgamento, ele já demonstrava arrependimento: “Tirei a vida de uma pessoa. Fui eu o responsável. Minhas escolhas me trouxeram até aqui”.
Nancy Harris morreu devido aos ferimentos
O caso ganhou notoriedade não apenas pela brutalidade do crime, mas também pelo desfecho incomum. Execuções no Texas são relativamente comuns — o estado lidera o número de penas capitais aplicadas nos Estados Unidos —, mas é raro que condenados usem seus últimos momentos para se dirigir diretamente às famílias das vítimas.
Nancy Harris, descrita por parentes como uma mulher dedicada à família e à comunidade, trabalhava na loja há anos para complementar a aposentadoria. Seu neto, em entrevistas anteriores, destacou que ela “sempre ajudava quem precisava” e que sua morte deixou um vazio profundo.
A execução de Johnson ocorreu sem complicações, segundo relatos oficiais. Antes de ser declarado morto, ele finalizou suas palavras com um “Estou pronto, Diretor”, encerrando um capítulo trágico que durou mais de uma década. Enquanto a família de Harris assistia ao fim do processo, não houve manifestações — apenas silêncio.
O caso continua a gerar debates sobre a eficácia da pena de morte e os impactos de crimes violentos nas comunidades. Para muitos, porém, as últimas palavras de Johnson serviram como um raro momento de confronto direto entre o agressor e aqueles que carregam as cicatrizes de suas ações.