Mulher morre de demência aos 31 anos enquanto irmãos falam sobre sinais precoces de alerta

Aos 28 anos, Gemma Illingworth, de Manchester, recebeu um diagnóstico que mudou sua vida: atrofia cortical posterior (PCA), uma forma rara de demência frequentemente associada à doença de Alzheimer. Em novembro de 2024, três anos após a descoberta, ela faleceu aos 31 anos, após perder progressivamente a visão, a capacidade de engolir, falar e caminhar. Sua história, contada por seus irmãos Ben e Jess, revela os desafios de identificar uma doença que se esconde por trás de sintomas facilmente confundidos com outros problemas.

A atrofia cortical posterior, também conhecida como síndrome de Benson, afeta áreas do cérebro responsáveis pelo processamento visual complexo, percepção espacial e habilidades como leitura e cálculo. De acordo com a Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), a maioria dos casos está ligada ao acúmulo de proteínas amiloides e tau, características do Alzheimer. Os primeiros sintomas incluem visão embaçada, dificuldade para ler (especialmente em seguir linhas de texto), sensibilidade à luz, problemas de profundidade e desorientação em ambientes conhecidos. Muitos pacientes buscam primeiro um oftalmologista, sem suspeitar de uma condição neurológica.

Gemma Illingworth foi diagnosticada com PCA aos 28 anos. (Collect/PA Real Life)
Gemma Illingworth foi diagnosticada com PCA aos 28 anos. (Collect/PA Real Life)

No caso de Gemma, os sinais iniciais foram interpretados como traços de sua personalidade. “Ela sempre foi um pouco desligada”, contaram seus irmãos. Porém, durante a pandemia de Covid-19 em 2021, a situação se agravou: Gemma não conseguia mais enxergar a tela do computador, mesmo com óculos, e precisou abandonar o trabalho. A família acreditava que ela precisava de “um pouco mais de apoio”, associando suas dificuldades a ansiedade e depressão. Aos poucos, tarefas simples, como vestir-se ou preparar refeições, tornaram-se impossíveis sem ajuda, e Gemma voltou a morar com os pais.

Foi apenas após uma série de exames, incluindo ressonâncias magnéticas, que o diagnóstico de PCA foi confirmado em novembro de 2021. “Naquele momento, sabíamos que não havia volta”, disse Jess. A doença progrediu rapidamente, e Gemma perdeu a independência em menos de três anos. Sua mãe, Susie, descreveu o processo como “dilacerante”.

"Os irmãos e a melhor amiga de Gemma correram a Maratona de Londres para conscientizar sobre a PCA" (Collect/PA Real Life)
Os irmãos e a melhor amiga de Gemma correram a Maratona de Londres para conscientizar sobre a PCA (Collect/PA Real Life)

Para honrar a memória de Gemma, Ben e Jess correram a Maratona de Londres em abril de 2024, arrecadando fundos para a organização Rare Dementia Support (RDS), que auxilia famílias afetadas por demências raras. “Queremos evitar que outras pessoas passem por isso”, explicou Ben. A RDS oferece suporte emocional e orientação, embora ainda não exista cura para a PCA.

A história de Gemma ilustra a importância de reconhecer sintomas incomuns em adultos jovens. A Alzheimer’s Association ressalta que a PCA pode ser subdiagnosticada, já que seus sinais iniciais são sutis e frequentemente atribuídos a causas não neurológicas. Enquanto pesquisas avançam para entender melhor a doença, iniciativas como a da família Illingworth buscam dar visibilidade a uma condição que desafia até mesmo a percepção daqueles que estão mais próximos.

Até hoje, a PCA permanece um mistério em muitos aspectos. Estima-se que ela represente menos de 5% dos casos de Alzheimer, mas seu impacto é devastador. Para famílias como a de Gemma, cada passo em direção à conscientização é uma forma de transformar dor em esperança — não apenas por tratamentos futuros, mas por um presente onde ninguém precise enfrentar uma doença invisível sozinho.