Ontem (3 de maio), Copacabana se transformou no palco de um dos maiores shows da carreira de Lady Gaga. A cantora, que não se apresentava no Brasil desde 2012, reuniu cerca de 2,1 milhões de pessoas na areia da praia carioca para um show gratuito de duas horas, parte da turnê de promoção do álbum Mayhem. O evento, porém, quase foi palco de um cenário completamente diferente: um plano para um ataque com explosivos artesanais e coquetéis Molotov foi desarticulado horas antes do início da apresentação.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou que a ação criminosa foi evitada graças a um trabalho de inteligência que monitorou atividades suspeitas na internet. Durante investigações rotineiras, agentes identificaram grupos online usando linguagem codificada e símbolos associados a comportamentos extremistas. As conversas, que aconteciam em células digitais, sugeriam o recrutamento de adolescentes para executar ataques coordenados durante o evento. O objetivo principal, segundo as autoridades, era ganhar notoriedade nas redes sociais.
A denúncia partiu da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil (Ssinte), que repassou os dados ao Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça. A partir daí, foram emitidos 12 mandados de busca e apreensão em endereços do Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias e Macaé, além de cidades em São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. As operações contaram com a colaboração de polícias civis locais e resultaram em duas prisões.

Mais de 2 milhões de pessoas lotaram Copacabana
No Rio Grande do Sul, um homem considerado líder do grupo foi detido após a descoberta de uma arma de fogo em sua residência. Já no Rio de Janeiro, um adolescente foi apreendido com imagens de abuso infantil em um de seus dispositivos eletrônicos. A investigação também apontou que os suspeitos estavam instruindo menores a fabricar artefatos caseiros, utilizando materiais de fácil acesso.
O esquema de segurança para o show já era considerado um dos mais complexos da história recente do estado, com mais de 3 mil agentes mobilizados. A ameaça, porém, exigiu ações extras. Equipes do Departamento de Crimes Violentos (DCAV), da Divisão de Repressão a Crimes de Intolerância (DRCI) e da 19ª Delegacia de Polícia (DP) atuaram em conjunto para garantir que o show transcorresse sem incidentes.
Enquanto o público cantava hits como Bad Romance e Poker Face, poucos tinham ciência do risco que havia sido neutralizado. A apresentação marcou não apenas o retorno de Lady Gaga ao país após 12 anos, mas também a superação de um desafio logístico e de segurança sem precedentes. Em 2017, a artista havia cancelado uma turnê no Brasil devido a problemas de saúde, o que aumentou a expectativa para o evento em Copacabana.
A eficiência das forças de segurança garantiu que o foco permanecesse na música. O show entrou para a história como um marco de produção artística e coordenação policial, mostrando como o monitoramento digital e a cooperação entre agências podem prevenir tragédias mesmo em eventos de grande escala. Para os fãs, restou a memória de uma noite única, onde a música falou mais alto que qualquer tentativa de caos.