Três crianças ‘resgatadas’ de casa após pais com ‘síndrome da COVID’ as manterem trancadas por 4 anos Três crianças 'resgatadas' de casa após pais com 'síndrome da COVID' as manterem trancadas por 4 anos

por Lucas Rabello
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Um caso chocante veio à tona na cidade de Oviedo, na Espanha, envolvendo três crianças que teriam vivido isoladas em condições alarmantes por quase quatro anos, seguindo regras rigorosas de isolamento da pandemia de COVID-19, mesmo após o fim das restrições oficiais. Os pais, um casal alemão de 53 e 48 anos, foram presos sob acusações de violência doméstica, abuso psicológico e abandono de menores.

A situação começou a ser desvendada após uma denúncia anônima de um vizinho, que notou a ausência das crianças na escola e a falta de movimentação na residência. De acordo com relatos, a família não era vista em público desde dezembro de 2021, com exceção do pai, que saía esporadicamente para buscar mantimentos e correspondências. A polícia iniciou uma investigação discreta e, após semanas de monitoramento, decidiu intervir.

Ao entrar na casa, os agentes encontraram um cenário descrito como “aterrorizante”. O local estava repleto de lixo, máscaras cirúrgicas espalhadas e medicamentos em quantidades anormais, criando um ambiente insalubre. As três crianças — gêmeos de 8 anos e uma irmã de 10 — foram encontradas usando múltiplas máscaras, colocadas pela mãe minutos antes da chegada da polícia. A mulher teria alertado os policiais para “terem cuidado”, alegando que os filhos estavam “gravemente doentes”.

A casa onde o casal teria mantido as crianças em cativeiro

A casa onde o casal teria mantido as crianças em cativeiro

A surpresa maior veio ao observar o comportamento das crianças durante o resgate. Ao serem levadas para o jardim da casa, os irmãos reagiram com intensa curiosidade ao tocar a grama e avistar um caracol, como se nunca tivessem tido contato com a natureza. Um dos investigadores relatou que elas respiravam profundamente, “como se estivessem experimentando o ar livre pela primeira vez”.

Os agentes também notaram detalhes perturbadores no interior da residência. Apesar da idade avançada, as crianças dormiam em berços adaptados e possuíam bonecos e monstros desfigurados, possivelmente usados como brinquedos. A sujeira acumulada e a falta de ventilação agravavam o cenário, classificado por autoridades como “patogênico”.

Embora as crianças não apresentassem sinais de desnutrição, estavam sujas e com marcas de isolamento social extremo. “Elas estavam completamente desconectadas da realidade. Não apenas por não frequentarem a escola, mas por não terem nenhum contato com o mundo exterior”, afirmou um policial envolvido no caso.

As crianças dormiam em berços e usavam máscaras

As crianças dormiam em berços e usavam máscaras

O casal, que enfrenta detenção preventiva sem direito a fiança, alega sofrer de uma “síndrome pós-COVID”, condição que, segundo as autoridades, pode ter motivado o comportamento obsessivo com medidas sanitárias. O chefe da polícia de Oviedo, Javier Lozano, comentou que a pandemia afetou pessoas de formas distintas, mas destacou que “nada justifica privar menores de suas necessidades básicas”.

As crianças foram encaminhadas a um centro de acolhimento juvenil, onde recebem acompanhamento médico e psicológico. Testes preliminares confirmaram que não possuem doenças graves, contrariando as alegações dos pais.

O caso, ainda sob investigação, levantou debates sobre os impactos duradouros da pandemia na saúde mental e os limites entre precaução e extremismo. Enquanto isso, a justiça espanhola trabalha para determinar as responsabilidades legais do casal, que podem enfrentar penas severas caso condenados.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.