Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril, o Vaticano confirmou o falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos. O líder da Igreja Católica, cujo nome de batismo era Jorge Mario Bergoglio, faleceu às 7h35, horário local, após meses de complicações de saúde. A notícia, anunciada pelo cardeal camerlengo Kevin Farrell, marca o fim de um pontificado marcado por gestos de humildade e mudanças significativas.
Um dos aspectos mais surpreendentes divulgados após sua morte é a decisão do Papa de não ser enterrado nas tradicionais criptas da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Em vez disso, seu corpo repousará na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. O local, escolhido pessoalmente por Francisco, tem um significado especial: era onde ele costumava rezar antes e depois de viagens internacionais.
Em uma entrevista em 2023, o pontifice já havia revelado seu desejo de ser sepultado ali, destacando sua devoção à imagem bizantina de Nossa Senhora, Protetora do Povo Romano. Essa decisão rompe com uma tradição de mais de 800 anos, que reservava o subsolo do Vaticano como local de descanso final dos papas.
Nascido na Argentina, Francisco foi o primeiro pontífice nascido fora da Europa em mais de 1.200 anos — o último havia sido Gregório III, originário da Síria. Sua trajetória foi marcada por um estilo simples e uma abordagem progressista. Durante seus 11 anos como líder da Igreja, defendeu causas como a proteção ambiental, o acolhimento a refugiados e o diálogo com grupos marginalizados, incluindo a comunidade LGBTQ+. Seus pronunciamentos sobre a guerra na Ucrânia e as críticas às desigualdades globais ecoaram além dos fiéis católicos, conquistando respeito internacional.
Os últimos meses de vida do Papa foram marcados por problemas de saúde. Em fevereiro, ele foi internado no Hospital Gemelli, em Roma, por uma infecção respiratória agravada por bronquite crônica, que evoluiu para pneumonia bilateral e leve insuficiência renal. No início de abril, um novo episódio de broncoespasmo causou vômitos e piorou seu estado pulmonar, levando a complicações fatais. Apesar das limitações físicas, Francisco manteve compromissos simbólicos, como o encontro com o rei Charles III e a rainha Camilla, do Reino Unido, no dia 9 de abril — data que coincidiu com o aniversário de 20 anos de casamento do casal real.

O Papa Francisco foi visto no Domingo de Páscoa
Em comunicado, Charles expressou tristeza e lembrou a influência do Papa: “Sua dedicação às pessoas e ao planeta tocou profundamente milhões de vidas”. O monarca também destacou a emoção de tê-lo visitado pouco antes de sua morte.
Além de seu legado social, Francisco ficará na história por sua conexão com Santa Maria Maggiore. A basílica, uma das mais antigas de Roma, abriga um mosaico do século V que retrata a Virgem Maria — figura central na espiritualidade do pontífice. Seu túmulo, já preparado no local, simboliza não apenas uma escolha pessoal, mas um gesto de proximidade com os fiéis que acompanharam suas orações ao longo dos anos.
A morte de Francisco encerra um capítulo único na Igreja Católica, marcado por reformas internas, discursos corajosos e um apelo constante à compaixão. Seu funeral, ainda sem data confirmada, deve reunir líderes globais e milhares de pessoas em Santa Maria Maggiore, local que agora guardará sua memória.