Starlink tem um novo rival: como funciona o Taara, a internet por satélite da Google?

por Lucas Rabello
83 visualizações

Em um mundo cada vez mais conectado, milhões de pessoas ainda vivem sem acesso à internet, especialmente em áreas isoladas onde a infraestrutura de telecomunicações é precária ou inexistente. Enquanto cidades grandes desfrutam de conexões ultrarrápidas, regiões rurais ou de difícil acesso enfrentam desafios como a falta de cabos de fibra óptica ou torres de transmissão. Para resolver esse problema, duas tecnologias emergentes estão competindo para levar a rede global a todos os cantos do planeta: os satélites da Starlink e os feixes de luz da Taara Lightbridge, desenvolvida pela Alphabet, empresa controladora do Google.

A Starlink, criada pela SpaceX de Elon Musk, foi uma das primeiras soluções inovadoras a ganhar destaque. O projeto utiliza uma rede de satélites em órbita baixa para transmitir sinais de internet a locais remotos. Com milhares de satélites já lançados, o sistema oferece cobertura global, mas enfrenta críticas pelo custo elevado de instalação e assinatura, além da necessidade constante de lançar novos satélites para manter a rede estável. Apesar disso, o serviço se tornou uma opção viável para quem vive longe dos centros urbanos.

Taara

Porém, uma nova tecnologia está surgindo como alternativa promissora. A Taara Lightbridge, desenvolvida pela X — divisão de inovação da Alphabet —, usa feixes de luz laser invisíveis para transmitir dados. A ideia surgiu de um projeto anterior que buscava conectar regiões por meio de balões estratosféricos, mas evoluiu para uma solução mais prática.

A Taara dispensa cabos e satélites: basta instalar duas unidades do tamanho de semáforos em pontos estratégicos, como topos de prédios ou torres, para criar um link de comunicação. Sensores e espelhos de alta precisão ajustam automaticamente os feixes de luz, que têm a espessura de um lápiz, garantindo a transmissão mesmo em condições desafiadoras, como ventos fortes ou pequenos obstáculos.

Um exemplo emblemático ocorreu na África, onde o Rio Congo separa as cidades de Brazzaville (República do Congo) e Kinshasa (República Democrática do Congo). Instalar cabos de fibra óptica sob o rio seria caro e complexo, mas a Taara resolveu o problema com um link de 5 quilômetros entre as duas margens. A conexão, estável e de alta velocidade, permitiu que moradores das duas cidades acessassem serviços essenciais, como educação e saúde online, sem depender de infraestrutura física.

Taara

A tecnologia laser da Taara alcança velocidades de até 20 gigabits por segundo em distâncias de até 20 quilômetros — desempenho comparável ao da fibra óptica tradicional. Além disso, consome pouca energia, equivalente a uma lâmpada de 40 watts, e pode ser instalada em horas, diferentemente dos meses necessários para estender cabos subterrâneos. Isso a torna ideal não só para áreas remotas, mas também para eventos temporários, como o festival Coachella, nos EUA, onde complementou a rede de telefonia durante o grande fluxo de pessoas.

Enquanto a Starlink depende de satélites que exigem lançamentos frequentes — um processo caro e logístico —, a Taara reduz custos ao usar equipamentos terrestres reutilizáveis e de fácil reposicionamento. A Alphabet afirma que sua solução pode ser até dez vezes mais barata que a fibra óptica em certos casos, um diferencial importante para comunidades com recursos limitados. Atualmente, a tecnologia já opera em 12 países, incluindo Índia e Quênia, com planos de expansão contínua.

Taara

A competição entre essas duas abordagens reflete a busca por soluções diversificadas para um mesmo problema. Enquanto satélites cobrem vastas áreas com menos dependência de infraestrutura local, os lasers oferecem velocidade e economia em distâncias menores. O desafio agora é tornar ambas as tecnologias acessíveis em escala global, garantindo que, em um futuro próximo, nenhuma região fique offline por falta de opções.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.