Que gênero musical as pessoas mais inteligentes e criativas costumam escutar, segundo a psicologia?

por Lucas Rabello
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A música está em todo lugar: no fone de ouvido, no carro, nas festas. Mas você já parou para pensar se suas playlists favoritas dizem algo sobre sua inteligência? A psicologia, ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, sugere que sim. Pesquisas recentes indicam que as preferências musicais podem estar ligadas a características cognitivas e de personalidade, incluindo o coeficiente intelectual (CI).

O coeficiente intelectual é uma medida usada para avaliar habilidades como raciocínio lógico, resolução de problemas, compreensão verbal e memória. Ele varia conforme a idade, mas também reflete a capacidade de processar informações complexas. E, segundo estudos, quem tem um CI mais alto tende a escolher gêneros musicais específicos.

Rock: a trilha sonora da mente analítica

Um estudo realizado pelas universidades de Warwick e Birmingham, no Reino Unido, entrevistou 2.000 estudantes entre 18 e 30 anos de diferentes países. Os participantes com notas mais altas em testes de capacidade crítica e raciocínio mostraram uma preferência marcante pelo rock. Esse gênero, conhecido por sua energia, rebeldia e letras profundas, parece ser especialmente atraente para pessoas com mentes analíticas.

Os pesquisadores explicam que a complexidade do rock — tanto na estrutura rítmica quanto nas mensagens das letras — estimula o cérebro a trabalhar de forma mais ativa. Isso pode melhorar habilidades como solução de problemas e pensamento crítico. Além disso, a pesquisa de Warwick apontou que fãs de rock costumam ser mais produtivos em tarefas do dia a dia, possivelmente devido ao efeito motivador das batidas intensas e das melodias elaboradas.

Que gênero musical as pessoas mais inteligentes e criativas costumam escutar, segundo a psicologia?

Música instrumental: o poder dos sons sem palavras

Outra pesquisa, liderada pela Universidade Oxford Brookes e apoiada pela Associação Americana de Psicologia, reforçou a conexão entre inteligência e preferências musicais. Dessa vez, o foco foram gêneros instrumentais, como música clássica e eletrônica. Os resultados mostraram que pessoas com CI elevado tendem a buscar composições sem letras, que exigem maior abstração para serem interpretadas.

Essa relação não é nova. O chamado “Efeito Mozart”, teoria que ganhou popularidade nos anos 1990, já sugeria que ouvir música clássica — especialmente composições complexas, como as de Wolfgang Amadeus Mozart — ativa áreas do cérebro ligadas ao raciocínio espacial, à memória e à imaginação. A ausência de vocais permite que o ouvinte crie suas próprias narrativas mentais, exercitando a criatividade e a capacidade de estabelecer conexões abstratas.

Por que o cérebro reage diferente a cada gênero?

A ciência ainda investiga os motivos exatos por trás dessa relação entre música e inteligência. Sabe-se, porém, que o cérebro processa melodias e letras de formas distintas. Enquanto canções com vocais ativam regiões associadas à linguagem e às emoções, ritmos instrumentais ou estruturas musicais complexas (como as do rock progressivo) estimulam áreas responsáveis pela análise e pela resolução de desafios.

Isso não significa que seu gosto musical determine seu nível de inteligência, mas sim que há uma tendência estatística. A música, independentemente do gênero, desempenha um papel crucial no desenvolvimento cognitivo. Em crianças, a exposição a diferentes sons melhora a coordenação motora e a percepção de padrões. Em adultos, pode aumentar a concentração e até auxiliar no combate ao estresse.

Novas pesquisas estão em andamento para entender como outros estilos — como jazz, hip-hop ou música folk — se relacionam com traços de personalidade e habilidades mentais. Enquanto isso, uma coisa é certa: suas playlists são mais do que um entretenimento. Elas podem ser uma janela para entender como seu cérebro funciona.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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