Os espectadores da Netflix não superam o “melhor drama” que é tão bom que estão maratonando em um único fim de semana

por Lucas Rabello
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Uma nova minissérie está causando furor na Netflix e conquistando elogios unânimes: “Adolescência”, drama britânico em quatro episódios que alcançou a rara nota máxima de 100% no agregador de críticas Rotten Tomatoes. Com atuações poderosas, direção ousada e um roteiro que mergulha nas complexidades da juventude moderna, a produção já está sendo considerada uma das mais impactantes do ano.

Protagonizada pelo aclamado Stephen Graham – conhecido por filmes como “O Irlandês” e a série “Tabu” –, a trama também marca a estreia nas telas de Owen Cooper, de 15 anos, além de contar com Ashley Walters, da premiada “Top Boy”. Mas o que realmente chama atenção é a técnica cinematográfica: cada episódio de uma hora foi filmado em um único plano-sequência contínuo, desafio que exigiu precisão milimétrica de todo o elenco e equipe.

A história acompanha um drama familiar que começa com um crime chocante: um adolescente de 13 anos é acusado de assassinar um colega de classe. Enquanto a investigação avança, o espectador é levado a questionar, junto aos personagens, o que realmente aconteceu. A narrativa explora não apenas o mistério em si, mas as pressões invisíveis que moldam jovens em um mundo cada vez mais conectado. Através da perspectiva dos pais, de uma terapeuta e de uma detetive interpretada por Walters, a série tece um retrato cru das angústias da adolescência no século XXI.

A série tem 100% no Rotten Tomatoes (Netflix)

A série tem 100% no Rotten Tomatoes (Netflix)

Stephen Graham, que também coescreveu o roteiro ao lado de Jack Thorne (responsável por “Sua Culpa”), explicou à Netflix a motivação por trás do projeto: “Queríamos investigar o que está acontecendo com nossos jovens hoje. Quais são as pressões que enfrentam dos amigos, da internet, das redes sociais? Essas tensões são tão desafiadoras aqui quanto em qualquer lugar do mundo”. O ator destacou que, embora pudessem ter abordado temas mais óbvios como gangues ou violência doméstica, optaram por focar em uma família comum. “É o pesadelo de qualquer pai ou mãe. Algo que faz você pensar: ‘Isso poderia acontecer com a gente!'”.

Nas redes sociais, o público não poupou elogios. Um espectador comentou no Twitter: “Acabei de ver #Adolescência. Que série incrível! Não falamos o suficiente sobre o gênio de Stephen Graham”. Outros destacaram a atuação de Owen Cooper: “O modo como ele tenta intimidar a personagem é assustador. Essa série mostra o que há de mais perturbador na próxima geração de ‘homens'”. A técnica de filmagem também virou tema – um usuário escreveu: “Quem trabalha com cinema sabe o quão difícil é um plano-sequência longo. Fazer isso por um episódio inteiro? Coreografia impressionante!”.

Dirigida por Philip Barantini – que já havia trabalhado com Graham no aclamado “Ponto de Ebulição” –, a minissérie transforma uma história específica em um espelho universal. A escolha pelo plano-sequência cria imersão, fazendo o espectador sentir-se parte da tensão que envolve a família. Sem cortes, as cenas ganham urgência, como se o tempo real pressionasse os personagens a revelarem suas fragilidades.

Disponível globalmente na Netflix, “Adolescência” surge em um momento crucial. Enquanto pais e educadores debatem os efeitos das redes sociais e da cultura digital, a série propõe perguntas incômodas: como diferenciar comportamento típico da idade de sinais de alerta? Até que ponto o ambiente virtual molda a identidade dos jovens? E como famílias aparentemente estáveis podem enfrentar crises imprevisíveis?

Com episódios que funcionam como peças de um quebra-cabeça psicológico, a produção não entrega respostas fáceis. Em vez disso, convida à reflexão sobre responsabilidade coletiva e os desafios de crescer em uma era onde a linha entre o real e o virtual se torna cada vez mais tênue. A combinação de performances intensas – principalmente de Cooper, que equilibra vulnerabilidade e inquietação – com uma narrativa técnica arriscada faz de “Adolescência” mais que uma série: uma experiência que ressoa muito além das telas.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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