Homem de 41 anos diagnosticado com Alzheimer de início precoce revela os primeiros sintomas que experimentou

por Lucas Rabello
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Um australiano de 41 anos compartilhou publicamente sua jornada após ser diagnosticado com Alzheimer de início precoce, uma forma rara de demência que afeta pessoas abaixo dos 65 anos. Fraser, criador do canal no YouTube I (don’t) have dementia (em tradução livre, “Eu (não) tenho demência”), revelou que os primeiros sinais da doença surgiram quando ele ainda estava na casa dos 30 anos, mas só recebeu o diagnóstico definitivo há 10 meses.

Em um vídeo publicado em janeiro, Fraser contou que os sintomas iniciais pareciam “falhas de memória” comuns, mas se tornaram cada vez mais preocupantes. “Lembro de assistir a um filme e, no final, minha parceira me disse: ‘Já vimos isso há um mês’. Eu não tinha nenhuma lembrança disso e fiquei chocado, porque não era algo que acontecia com frequência”, relatou. Apesar de episódios como esse, ele não imaginava que poderia ser algo grave.

Fraser compartilhou uma história trágica sobre sua filha adolescente e como isso o ajudou a perceber que algo estava errado (YouTube/ I (don't) have dementia)

Fraser compartilhou uma história trágica sobre sua filha adolescente e como isso o ajudou a perceber que algo estava errado (YouTube/ I (don’t) have dementia)

Os problemas cognitivos, no entanto, se intensificaram. Fraser começou a notar dificuldades para pensar com profundidade. “Meus pensamentos ficaram mais superficiais. Perdia a capacidade de acompanhar conversas complexas ou lembrar detalhes do dia a dia”, explicou. Um dos momentos mais marcantes ocorreu com suas filhas adolescentes. Elas costumavam contar sobre planos simples, como ir ao cinema, mas Fraser esquecia rapidamente.

Certa vez, uma de suas filhas avisou que sairia para assistir a um filme à noite. Horas depois, ele entrou em pânico ao não encontrá-la em casa e não conseguir contato pelo celular. “Fiquei desesperado, cheguei a pensar em chamar a polícia. Dirigi até a cidade vizinha procurando por amigos que talvez soubessem onde ela estava”, contou. A filha retornou a ligação pouco depois, lembrando-o de que já havia avisado sobre os planos. “Naquele momento, percebi que algo estava muito errado”, admitiu.

Desde então, Fraser e as filhas criaram um sistema para evitar situações como essa. Elas enviam mensagens de texto confirmando os planos, mesmo que já tenham conversado pessoalmente. “Assim, posso checar o celular e me lembrar de onde estão”, disse. O método ajuda a reduzir a ansiedade, mas não resolve outros desafios, como a dificuldade de acompanhar conversas ou a perda progressiva de memória.

O Alzheimer precoce é uma condição rara – representa apenas 5% a 10% de todos os casos da doença –, mas desafia a ideia de que a demência afeta apenas idosos. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, o diagnóstico em pessoas jovens costuma ser mais complexo, pois os sintomas são frequentemente confundidos com estresse ou distração. No caso de Fraser, exames de imagem e testes cognitivos confirmaram a presença de alterações cerebrais típicas da doença.

No canal do YouTube, ele documenta a rotina com a doença, desde esquecer nomes de objetos cotidianos até estratégias para manter a independência. “Ainda consigo dirigir, mas evito trajetos longos. Uso aplicativos de navegação até para percursos que já fiz mil vezes”, contou em outro vídeo.

A história de Fraser chama a atenção não apenas pela idade incomum do diagnóstico, mas pela forma como ele e a família se adaptam aos poucos. Enquanto busca informações sobre tratamentos e participa de grupos de apoio, o australiano reforça a importância de observar sintomas persistentes. “Se você perceber mudanças na memória ou no raciocínio que afetam sua vida, não ignore. Procure um médico”, alertou.

Seu relato também mostra como a demência impacta relações familiares. As filhas, agora mais conscientes da condição do pai, aprenderam a repetir informações e a ter paciência. “Elas são incríveis. Sabem que preciso de lembretes extras, e isso nos aproximou de um jeito diferente”, afirmou.

Embora não haja cura para o Alzheimer, Fraser mantém uma rotina ativa, com exercícios físicos e jogos de estimulação cognitiva. “Quero retardar ao máximo a progressão. Cada dia é uma nova descoberta”, finalizou.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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