A razão perturbadora pela qual o icônico palhaço do McDonald’s, Ronald McDonald, desapareceu silenciosamente de tudo

por Lucas Rabello
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Para muitas crianças das décadas de 1980, 1990 e até início dos anos 2000, ir ao McDonald’s não era apenas sobre comer um lanche: era uma experiência marcante, especialmente se houvesse uma festa de aniversário envolvida. Entre balões, batatas fritas e presentes, um elemento se destacava: o encontro com o icônico Ronald McDonald, o palhaço mascote da rede.

Vestido com seu traje vermelho e amarelo, ele era o centro das atenções, seja em fotos ao lado de uma estátua fixa nas lojas, seja interagindo com os clientes em versão humana. Para quem não tinha medo de palhaços, era pura diversão. Para outros, porém, o personagem já causava certo desconforto — um sinal do que estava por vir.

O fato é que, se você frequenta o McDonald’s nos últimos anos, deve ter notado a ausência total do Ronald. Nenhuma aparição em comerciais, nenhuma participação em eventos e nenhum post nas redes sociais. A explicação para esse desaparecimento está ligada a um fenômeno bizarro que viralizou em 2016: a moda dos “palhaços assustadores”.

Tudo começou com relatos nos Estados Unidos de pessoas vestidas com fantasias de palhaço sinistras, posando em locais públicos ou até perseguindo transeuntes. As imagens, compartilhadas massivamente nas redes sociais, geraram tanto medo que o tema virou notícia internacional.

A situação escalonou rapidamente. Grupos de indivíduos mascarados começaram a aparecer perto de escolas, parques e até em rodovias, muitas vezes portando objetos como facas ou bastões. Em um caso extremo na Flórida, uma família foi atacada por cerca de 20 pessoas usando máscaras de palhaço. O clima de tensão fez com que autoridades emitissem alertas, e a imagem dos palhaços, antes associada a alegria e entretenimento infantil, passou a ser vinculada a ameaças e violência.

Ronnie não é visto desde 2016

Ronnie não é visto desde 2016

Nesse contexto, o McDonald’s percebeu que manter seu mascote seria um risco. Em outubro de 2016, a empresa anunciou publicamente que reduziria drasticamente a participação do Ronald McDonald em eventos e campanhas. Em comunicado, explicaram: “McDonald’s e as franquias estão atentas ao clima atual em relação a avistamentos de palhaços nas comunidades e, por isso, estão sendo cautelosas com a participação do Ronald em atividades por enquanto”. A decisão, inicialmente temporária, tornou-se permanente. O palhaço que já foi símbolo de festas e promoções foi gradualmente removido dos materiais publicitários, sem nenhum anúncio oficial de “aposentadoria”, mas com um silêncio que falou por si.

A história do Ronald McDonald, porém, não seria completa sem mencionar Willard Scott, o primeiro homem a interpretar o personagem nos anos 1960. Scott, que faleceu em 2021 aos 87 anos, era conhecido por seu carisma e energia contagiante. Em entrevista ao The New York Times em 1987, ele descreveu sua paixão pelo papel: “Eu amo as pessoas. Muitos artistas chegam, fazem seu trabalho e vão embora… Já eu gosto de conversar, interagir. Sou como um cachorro: abrem a porta, e eu saio cumprimentando todo mundo”. Sua dedicação ajudou a consolidar o Ronald como um ícone pop, décadas antes da polêmica que o tiraria de cena.

Hoje, o McDonald’s segue inovando em marketing, mas o palhaço vermelho permanece como uma lembrança nostálgica para quem viveu a era de ouro das festas com balde de batatas e hambúrgueres embalados em papel colorido. Enquanto isso, o episódio dos “palhaços assustadores” continua sendo um capítulo curioso — e um tanto sombrio — na história da cultura popular.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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