Não é fogo nem ardente: Especialista explica como Diabo e o Inferno realmente seriam e se eles de fato existem

por Lucas Rabello
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Quando você pensa no Inferno, provavelmente imagina um lugar subterrâneo cheio de fogo, onde almas sofrem eternamente sob o comando de um diabo vermelho, com chifres e um tridente. Mas e se essa imagem for mais influência cultural do que uma interpretação fiel das escrituras? O teólogo Jared Brock, após anos de estudo, desafia conceitos amplamente aceitos sobre o pós-vida, sugerindo que muito do que “sabemos” sobre o Diabo e o Inferno pode estar equivocado.

Brock, autor do livro Um Diabo Chamado Lúcifer, mergulhou em análises detalhadas de passagens bíblicas para entender como o texto sagrado descreve o Inferno e a figura de Satanás. Uma de suas descobertas mais surpreendentes está no Livro do Apocalipse, último livro do Novo Testamento. Enquanto muitos acreditam que o Diabo castiga os pecadores com fogo, Brock aponta que, em Apocalipse 12:15, a serpente (associada a Satanás) não cospe chamas, mas “água como um rio” em direção a uma mulher, tentando arrastá-la com uma inundação. Essa imagem contrasta radicalmente com a ideia popular de um inferno abrasador.

Além disso, o teólogo ressalta que a Bíblia menciona até seis lugares diferentes que poderiam ser interpretados como o “lado sombrio” do pós-vida. Tradicionalmente, ensina-se que os não arrependidos são banidos do Céu e condenados ao Inferno para sempre. Brock, porém, questiona se essa punição é eterna, física ou mesmo literal. Em entrevista ao Mail Online, ele afirmou: “São [lugares] físicos? Espirituais? Eternos? Temporários? A resposta é que simplesmente não sabemos”.

A figura do Diabo também ganha novos contornos sob a análise de Brock. A representação clássica de um demônio vermelho, com chifres, cascos e um tridente não tem base bíblica, segundo ele. “A cultura ficou obcecada com a ideia de um diabinho vermelho no ombro, nos assombrando o tempo todo”, explicou. Nas escrituras, Satanás é descrito como um ser espiritual, não físico, capaz de assumir formas atraentes para tentar as pessoas. Dois termos hebraicos são usados para defini-lo: “acusador” e “adversário”. Brock enfatiza que, ao contrário de Deus, o Diabo não é onipresente — ou seja, não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

O diabo é realmente um demônio de pele vermelha e chifres?

O diabo é realmente um demônio de pele vermelha e chifres?

Outro ponto polêmico é a história da queda de Lúcifer. O Livro do Apocalipse (12:7-9) relata uma guerra no céu, onde Miguel e seus anjos expulsam o dragão (identificado como o Diabo) para a Terra. O texto diz: “Não houve mais lugar no céu para eles. Assim, foi expulso o grande dragão, a antiga serpente chamada Diabo e Satanás, que engana o mundo todo. Ele e seus anjos foram lançados à terra”. Brock destaca que essa passagem não menciona o Inferno como destino final de Lúcifer, mas sim a Terra, o que abre espaço para reinterpretações sobre onde e como a figura maligna atua.

A discussão levanta questões fascinantes: se o Inferno não é um lugar de fogo eterno, qual seria sua verdadeira natureza? E se Satanás não é um ser físico, como ele influencia a humanidade? Brock não oferece respostas definitivas, mas convida leitores e estudiosos a revisitar os textos sagrados com olhar crítico, separando tradições culturais de possíveis interpretações literais.

Enquanto debates religiosos continuam, uma coisa é certa: as visões sobre o além estão longe de ser unânimes. E para quem busca entender o assunto, a dica de Brock é clara: vá direto às fontes. Quem sabe suas próximas leituras da Bíblia não revelarão detalhes surpreendentes que desafiam séculos de crenças populares?

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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