Imagine um mundo onde os aparelhos que carregamos no bolso hoje, os smartphones, se tornem peças de museu. Segundo a Nokia, essa realidade pode estar mais próxima do que imaginamos. Em uma declaração recente, a empresa finlandesa previu que os celulares como conhecemos hoje desaparecerão antes de 2030, substituídos por dispositivos integrados ao metaverso. A afirmação veio de Nishant Batra, diretor de Estratégia e Tecnologia da Nokia, que descreveu a mudança como uma “premonição” impulsionada por gigantes como Meta, Apple e Xiaomi.
O metaverso, termo que ganhou popularidade nos últimos anos, refere-se a ambientes virtuais imersivos onde usuários interagem por meio de avatares ou elementos digitais sobrepostos ao mundo real. Batra destacou que a transição dos smartphones para essa nova realidade depende de dois fatores críticos: a adoção em massa do metaverso por empresas e consumidores e o desenvolvimento de dispositivos de realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) acessíveis, confortáveis e sem fio.
A visão da Nokia não está isolada. Mark Zuckerberg, fundador do Meta, já declarou que os celulares estão chegando a um limite de inovação. “Chegará um momento em que seu telefone passará mais tempo no bolso do que fora dele”, disse o CEO, enfatizando que óculos de realidade aumentada serão a próxima grande plataforma tecnológica. Para Zuckerberg, esses dispositivos não apenas oferecerão experiências mais imersivas, mas também se integrarão de forma natural ao cotidiano, eliminando as interrupções constantes causadas pelas notificações e pelo uso tradicional dos smartphones.
Conheça Orion: O Protótipo que Promete Revolucionar o Dia a Dia
Durante o evento Meta Connect, em setembro de 2024, a Meta apresentou um protótipo que pode ser o primeiro passo para essa transformação: o Orion. O dispositivo, que parece um acessório comum, esconde tecnologia capaz de fundir o mundo físico com elementos digitais em tempo real. Com menos de 100 gramas e um campo de visão de 70 graus, os Orion permitem desde a execução de tarefas simultâneas até a projeção de hologramas de pessoas em tamanho real.
O segredo está nos detalhes técnicos. As lentes são feitas de carbeto de silício, material leve e resistente que reduz reflexos e aumenta a nitidez. Já os projetores Micro LED embutidos geram imagens holográficas precisas, criando uma experiência visual envolvente. Mas como interagir com tudo isso? A resposta está em uma pulseira desenvolvida pela Meta, que detecta movimentos sutis da mão e do pulso por meio de sensores electromiográficos (EMG). Isso permite controlar menus digitais, abrir aplicativos ou manipular objetos virtuais com gestos quase imperceptíveis.
![A Meta criou uma pulseira EMG que detecta movimentos das mãos, permitindo que os óculos sejam controlados sem nenhum dispositivo adicional.](https://misteriosdomundo.org/wp-content/uploads/2025/02/A-Meta-criou-uma-pulseira-EMG-que-detecta-movimentos-das-maos-permitindo-que-os-oculos-sejam-controlados-sem-nenhum-dispositivo-adicional-scaled.jpg)
A Meta criou uma pulseira EMG que detecta movimentos das mãos, permitindo que os óculos sejam controlados sem nenhum dispositivo adicional.
Outro destaque é a inteligência artificial Meta AI, integrada às lentes. Ela analisa o ambiente ao redor do usuário e antecipa necessidades. Por exemplo: ao olhar para um prédio histórico, os óculos podem exibir automaticamente informações sobre sua arquitetura. Ou, durante uma reunião de trabalho, projetar hologramas de colegas como se estivessem na mesma sala.
Desafios para Chegar ao Mercado
Apesar do potencial, as Orion ainda são um protótipo experimental. Cada unidade custa cerca de US$ 10 mil, valor inviável para o consumidor comum. A Meta reconhece que precisa reduzir custos, melhorar a duração da bateria e refinar o design para que o produto seja confortável o suficiente para uso prolongado.
Outro obstáculo é a aceitação social. Dispositivos como óculos de realidade aumentada exigirão mudanças na forma como nos relacionamos com a tecnologia. Em vez de olhar para uma tela, as informações aparecerão integradas ao ambiente, o que pode gerar resistência inicial. Além disso, questões como privacidade e segurança de dados precisarão ser abordadas com transparência, já que os óculos captam detalhes do entorno e dos usuários.
![Esses óculos permitem que você execute diversas tarefas e até mesmo projete hologramas de pessoas em tamanho real.](https://misteriosdomundo.org/wp-content/uploads/2025/02/Esses-oculos-permitem-que-voce-execute-diversas-tarefas-e-ate-mesmo-projete-hologramas-de-pessoas-em-tamanho-real-1.jpg)
Esses óculos permitem que você execute diversas tarefas e até mesmo projete hologramas de pessoas em tamanho real.
O Que Esperar nos Próximos Anos?
A previsão da Nokia e os avanços da Meta sugerem que a próxima década será marcada por uma corrida tecnológica sem precedentes. Empresas como Apple, Samsung e Xiaomi também estão investindo em wearables (dispositivos vestíveis) focados em realidade mista. Rumores indicam que a Apple trabalha em um par de óculos capaz de alternar entre realidade virtual e aumentada, enquanto a Samsung explora lentes de contato inteligentes.
Para que os smartphones realmente desapareçam, porém, a indústria precisará superar desafios técnicos e culturais. Dispositivos como as Orion precisarão ser tão intuitivos quanto um celular, mas sem os inconvenientes — como a dependência de telas e a fragmentação da atenção. Se a transição for bem-sucedida, as interações digitais poderão se tornar mais fluidas: imagens 3D flutuando no ar, reuniões virtuais com colegas “presentes” na sala e guias turísticos digitais que transformam qualquer passeio em uma experiência educativa.
Enquanto isso, os smartphones continuam evoluindo. Modelos com telas dobráveis, carregamento sem fio ultrarrápido e câmeras com IA já mostram que, mesmo em declínio, a tecnologia atual ainda tem espaço para surpreender. Mas, segundo os visionários do setor, o futuro pertence a quem conseguir unir o físico e o digital de maneira invisível — e é nessa direção que o metaverso parece estar nos levando.