Homem preso é multado em $ 1.000 por dia por se recusar a revelar localização de tesouro de $ 2 milhões

por Lucas Rabello
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Em 1988, o pesquisador Tommy Thompson fez uma descoberta que mudaria sua vida para sempre: os destroços do S.S. Central America, um navio naufragado em 1857 durante a corrida do ouro nos Estados Unidos. Conhecido como o “Navio do Ouro”, a embarcação carregava uma fortuna em barras e moedas quando afundou na costa da Carolina do Sul, deixando um rastro de histórias e cobiça por mais de um século. Thompson, que inicialmente atuava como cientista, transformou-se em um caçador de tesouros, mas sua jornada épica acabou em um conflito judicial que dura até hoje.

O naufrágio do S.S. Central America é um capítulo dramático da história americana. Em setembro de 1857, o navio partiu do Panamá rumo a Nova York com passageiros, correspondências e cerca de 30 mil libras de ouro, incluindo moedas e lingotes recém-cunhados. Uma tempestade violenta o levou ao fundo do oceano, matando mais de 400 pessoas e enterrando uma das maiores riquezas da era da corrida do ouro. A localização exata do navio permaneceu um mistério até Thompson e sua equipe usarem tecnologia de ponta para encontrá-lo, 131 anos depois.

Thompson aparentemente provocou as autoridades sobre o paradeiro do tesouro (NBC4 Columbus)

Thompson aparentemente provocou as autoridades sobre o paradeiro do tesouro (NBC4 Columbus)

A descoberta valiosa, porém, desencadeou uma batalha legal. Thompson recuperou mais de 3 mil moedas e 532 lingotes de ouro, avaliados em dezenas de milhões de dólares. Investidores que financiaram a expedição processaram-no, alegando que não receberam sua parte dos lucros. O problema se agravou quando o caçador de tesouros se recusou a revelar o paradeiro de 500 moedas específicas, cunhadas com parte do ouro resgatado. As autoridades acreditam que elas valem cerca de US$ 2,5 milhões e foram transferidas para um truste em Belize — informação que Thompson deu, mas nunca comprovou.

A teimosia do pesquisador custou caro. Em 2012, ele faltou a uma audiência no Ohio para discutir o caso, o que levou à sua captura por agentes federais na Flórida. Em 2015, ele foi condenado a dois anos de prisão por desacato criminal, mas a sentença foi adiada quando uma pena civil — multa diária de US$ 1.000 e prisão indefinida — foi aplicada. Desde dezembro de 2015, Thompson acumula dias atrás das grades, enquanto a dívida das multas já ultrapassa US$ 2 milhões.

O caso ganhou contornos ainda mais curiosos com o passar dos anos. Em 2019, um tribunal federal rejeitou o argumento de Thompson de que o tempo máximo de prisão por desacato civil deveria ser de 18 meses. Juízes consideraram que sua recusa em cooperar violou um acordo judicial prévio, mantendo-o preso. Enquanto isso, o mercado de artefatos do S.S. Central America continuou a aquecer. Em 2022, um lingote de 866 gramas, conhecido como “Justh & Hunter”, foi leiloado por US$ 2,16 milhões, reforçando o valor astronômico do tesouro.

O caçador de tesouros está preso há quase uma década (NBC4 Columbus)

O caçador de tesouros está preso há quase uma década (NBC4 Columbus)

Na semana passada, porém, a história teve uma reviravolta. O juiz federal Algenon Marbley, responsável pelo caso, declarou que a prisão prolongada não está mais surtindo efeito para fazer Thompson cooperar. A decisão encerrou a pena civil, mas não libertou o caçador de tesouros: ele agora deve cumprir os dois anos de prisão originais, suspensos desde 2015.

A trama de Thompson mistura ambição, segredos e um legado histórico. O S.S. Central America não é apenas um navio naufragado — é um símbolo de uma época em que o ouro movia sonhos e tragédias. Enquanto lingotes e moedas continuam a ser vendidos por milhões, o homem que os trouxe à superfície permanece como uma figura enigmática, preso em uma teia de suas próprias escolhas.

E as 500 moedas desaparecidas? Elas seguem escondidas em algum lugar, alimentando especulações e lembrando ao mundo que, às vezes, até os tesouros mais valiosos podem carregar um preço alto demais.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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