Em fevereiro de 2018, Elon Musk fez algo que só ele faria: lançou um carro esportivo ao espaço. Não foi um acidente, nem um experimento científico tradicional. O Tesla Roadster, um conversível vermelho que pertencia ao próprio bilionário, foi escolhido como carga simbólica para o primeiro voo teste do foguete Falcon Heavy, da SpaceX. O resultado? Um espetáculo cósmico que mistura humor, cultura pop e tecnologia.
Naquele dia, o mundo viu o Roadster decolar de Cabo Canaveral, na Flórida, com um “motorista” bastante peculiar: um manequim apelidado de Starman, vestido com um traje espacial completo. O nome é uma homenagem à música “Starman”, do ícone David Bowie, e a cena do boneco ao volante, com a Terra ao fundo, viralizou instantaneamente. A escolha do carro, segundo Musk, foi uma piada interna. Ele queria algo “absurdo” para testar o foguete, já que a missão tinha 50% de chance de falhar. Nas redes sociais, até sugeriram enviar um queijo ou uma nave de ficção científica, mas Musk optou por seu próprio Tesla, usado por ele no dia a dia em Austin, Texas.
![Onde está o Tesla de Elon Musk agora, após ele tê-lo lançado ao espaço 7 anos atrás? Uma visão impressionante.](https://misteriosdomundo.org/wp-content/uploads/2025/02/Uma-visao-impressionante.webp)
Uma visão impressionante.
Seis anos e quase 11 meses depois, o Roadster continua vagando pelo espaço. Segundo o site whereisroadster.com, que monitora sua trajetória em tempo real, o carro já percorreu mais de 386 milhões de quilômetros, viajando a quase 6.400 km/h — velocidade suficiente para dar 16 voltas no planeta em uma hora. Atualmente, ele se aproxima do Sol, estando a cerca de 243 milhões de quilômetros da estrela. Para ter ideia da distância, se alguém tentasse dirigir até lá a 100 km/h, levaria mais de 277 anos sem parar.
Mas o que há dentro do carro mais rápido da história? Além do Starman, Musk incluiu uma cápsula do tempo geek. O sistema de som toca “Space Oddity”, de Bowie, em loop — se a bateria ainda funcionar, a música já tocou mais de 694 mil vezes. No porta-luvas, há um exemplar do livro O Guia do Mochileiro das Galáxias, obra de Douglas Adams que virou cult por misturar ficção científica com humor ácido. E, para completar, um mini carro Hot Wheels repousa no painel, como uma brincadeira dentro da brincadeira.
O Roadster não está em uma órbita fixa. Sua trajetória elíptica cruza periodicamente as órbitas da Terra e de Marte, e cálculos da NASA sugerem que, nos próximos milhões de anos, ele tem pequenas chances de colidir com nosso planeta ou com Vênus — mas as probabilidades são mínimas. Enquanto isso, o carro acumula “quilometragem cósmica”: até hoje, ele completou mais de 4,2 mil voltas ao redor do Sol.
A missão do Falcon Heavy foi um marco para a SpaceX, provando que foguetes reutilizáveis poderiam impulsionar cargas pesadas. O Roadster, porém, roubou a cena. Sua jornada ilustra como a exploração espacial pode ser tão séria quanto divertida. Afinal, quantos objetos no universo combinam uma homenagem a Bowie, um manual de viagem intergalática e um carro de brinquedo?
Enquanto você lê este texto, o Starman segue flutuando no vácuo, com a Terra diminuindo no retrovisor. E se um dia alienígenas encontrarem o Tesla, talvez riam da criatividade humana — ou fiquem intrigados com nossa obsessão por mandar coisas inusitadas para o espaço.