Uma descoberta chocante revela que parte dos EUA está “afundando” abaixo da superfície da Terra

por Lucas Rabello
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Abaixo da superfície da Califórnia, algo surpreendente está acontecendo. Enquanto o estado americano enfrenta terremotos, incêndios florestais e outros fenômenos naturais conhecidos, uma descoberta recente revelou que o subsolo californiano está passando por transformações profundas — literalmente.

Pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder confirmaram que uma parte da crosta terrestre sob a Sierra Nevada, uma das principais cadeias de montanhas do estado, está se desprendendo e afundando lentamente no manto terrestre. Esse fenômeno, chamado de foundering (ou “colapso”), pode esclarecer mistérios geológicos de bilhões de anos e ajudar a entender como os continentes se formaram.

A Califórnia é famosa por sua instabilidade geológica, localizada entre duas placas tectônicas que se movem em direções opostas. Mas, além dos tremores que sacodem a superfície, os cientistas agora identificaram que a região também está se dividindo internamente. O processo ocorre porque rochas mais densas sob as montanhas da Sierra Nevada estão se separando das camadas superiores e mergulhando em direção ao manto — a camada viscosa abaixo da crosta terrestre. Esse movimento lento, porém constante, foi detectado por meio de técnicas avançadas de mapeamento sísmico.

Geólogos há muito tempo têm teorias sobre a atividade tectônica sob as montanhas da Sierra Nevada.

Geólogos há muito tempo têm teorias sobre a atividade tectônica sob as montanhas da Sierra Nevada.

Os pesquisadores analisaram dados de terremotos registrados pelo Advanced National Seismic System, um sistema que monitora atividade sísmica nos Estados Unidos, e usaram imagens de ondas sísmicas para criar um “raio-X” do subsolo. Essas ondas, que viajam em velocidades diferentes dependendo da densidade das rochas, revelaram áreas onde o material mais denso está se descolando.

O estudo, publicado na revista Geophysical Research Letters, mostrou que o fenômeno não é uniforme: no sul da Sierra Nevada, o colapso aconteceu há milhões de anos. Já na região central, ele ainda está em andamento, gerando pequenos terremotos profundos. O norte, por sua vez, mantém a camada densa intacta.

Esse desprendimento subterrâneo é um exemplo de *diferenciação* — um processo em que materiais de densidades distintas se separam no interior da Terra. No caso da Sierra Nevada, o afundamento das rochas mais pesadas permite que a crosta continental, mais leve, se estabilize na superfície. Esse mecanismo ajuda a explicar como os continentes adquiriram sua estrutura atual, composta por camadas de rochas menos densas que as do fundo dos oceanos.

A descoberta também resolve um debate antigo na geologia. Por décadas, cientistas especularam que eventos de *foundering* ocorreram no passado distante, moldando a crosta terrestre primitiva. Agora, a Sierra Nevada oferece evidências de que o mesmo processo continua ativo em certas regiões. Os pesquisadores descrevem o estudo como uma “fotografia” de um estágio fundamental na formação dos continentes.

Pesquisadores acreditam que o processo de foundering começou há milhões de anos.

Pesquisadores acreditam que o processo de foundering começou há milhões de anos.

Os dados sísmicos analisados indicam que o colapso sob a região central da cadeia montanhosa persiste há pelo menos três milhões de anos. Essa atividade lenta e silenciosa contrasta com eventos superficiais, como os grandes terremotos que abalam a Califórnia. No entanto, seu impacto é igualmente relevante. Ao afundar, as rochas densas liberam minerais e água no manto, influenciando a composição química do planeta e até a formação de vulcões.

Apesar de não representar um risco imediato para a população, o fenômeno reforça a ideia de que a Terra é um sistema dinâmico, em constante transformação. Para os geólogos, entender esses processos é essencial para desvendar não apenas a história do nosso planeta, mas também sua evolução futura. A Sierra Nevada, com suas paisagens imponentes, agora se revela uma janela para as profundezas — um laboratório natural onde os segredos da crosta continental estão lentamente vindo à tona.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.