Capitão de cruzeiro causou acidente que matou 33 pessoas a bordo após supostamente ‘tentar impressionar uma mulher’

por Lucas Rabello
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Em janeiro de 2012, o que começou como um cruzeiro rotineiro pelo Mediterrâneo se transformou em um dos desastres marítimos mais custosos da história moderna. O Costa Concordia, comandado pelo capitão Francesco Schettino, desviou de sua rota planejada perto da ilha italiana de Giglio, resultando em um acidente catastrófico que tirou a vida de 33 pessoas e causou prejuízos estimados em cerca de 2 bilhões de dólares.

O capitão Schettino, hoje com 64 anos e cumprindo uma sentença de 16 anos de prisão, tomou a fatídica decisão de realizar uma “passagem próxima” pela ilha de Giglio, acompanhada de uma saudação marítima — um gesto tradicional que consiste em tocar a buzina do navio para saudar os moradores locais. Essa manobra não autorizada se mostrou desastrosa quando o enorme navio de cruzeiro colidiu com uma formação rochosa submersa, abrindo um rasgo de 35 metros no casco.

33 pessoas morreram após o naufrágio do Costa Concordia em janeiro de 2012.

33 pessoas morreram após o naufrágio do Costa Concordia em janeiro de 2012.

O incidente gerou amplas especulações sobre as motivações do capitão. Enquanto Schettino afirmou que a manobra tinha como objetivo agradar os passageiros e atender a “razões comerciais”, os promotores apresentaram outra narrativa. Eles apontaram para a presença de Domnica Cemortan, uma dançarina moldava de 24 anos, que posteriormente admitiu em tribunal ter tido um caso com o capitão. Os promotores argumentaram que a tentativa de Schettino de impressionar Cemortan levou ao perigoso desvio de rota, embora ela tenha testemunhado que estava “muito longe” dele no momento do acidente.

Durante seu depoimento, Schettino explicou que sua decisão tinha três propósitos: entreter os passageiros, saudar um capitão aposentado que residia em Giglio e agradar o chefe dos garçons do navio, que era da ilha. “Eu queria matar três coelhos com uma cajadada só”, declarou, acrescentando que não achou necessário informar os proprietários do navio, a Costa Crociere, pois considerava o desvio como uma “aproximação” e não uma “rota turística”.

Francesco Schettino, agora com 64 anos, insistiu que os rumores de que ele estava tentando impressionar sua amante não eram verdadeiros.

Francesco Schettino, agora com 64 anos, insistiu que os rumores de que ele estava tentando impressionar sua amante não eram verdadeiros.

A investigação oficial conduzida pelo Ministério de Infraestruturas e Transportes da Itália identificou diversos fatores críticos que contribuíram para o desastre. O relatório apontou a proximidade insegura da embarcação com a costa, a iluminação inadequada na área costeira e a velocidade excessiva de 15,5 nós como elementos-chave no acidente.

Com a sala de máquinas inundada, causando uma inclinação dramática no navio, as ações subsequentes de Schettino lhe renderam o apelido de “Capitão Covarde”. Ele abandonou o navio enquanto passageiros ainda estavam a bordo, alegando mais tarde que havia “caído” em um bote salva-vidas. O impacto total do desastre só foi conhecido em novembro de 2014, quando o corpo da última vítima foi recuperado, dois anos após o incidente.

As consequências legais foram severas para Schettino e sua equipe. O capitão foi condenado por múltiplas acusações, incluindo homicídio culposo e causar o acidente. Ele começou a cumprir sua sentença em 2017, após esgotar todos os recursos, marcando o encerramento judicial de um desastre marítimo que combinou erro humano, decisões imprudentes e consequências trágicas.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.